O PT deixou chegar ao presidente Lula a insatisfação com o início de trabalho do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Mas se a expectativa era um ajuste de rota, a realidade foi uma bronca a membros da legenda.
Para a sigla, Haddad se mostra mais alinhado aos interesses de banqueiros e grandes empresas que aos da população mais carente. O embate pela volta do imposto sobre os combustíveis foi um exemplo de tensão entre as partes.
Por conta disso, membros do PT expressaram preocupação com a âncora fiscal proposta pelo ministro com medo de não atingir a classe mais privilegiada e focar nos mais pobres.
Lula, porém, discordou no mesmo instante. Para o presidente, o Bolsa Família e o fim do teto só foram possíveis graças a habilidade que Haddad teve em convencer a classe empresarial e os banqueiros. Para o presidente, o modelo da âncora atinge os interesses dos menos favorecidos sem colocar o país em risco. Exatamente o que ele pediu.
Mas a relação Lula e Haddad também poderia ser melhor. Embora considere o ministro com um início promissor, o presidente esperava que ele conseguiria convencer o presidente do Banco Central a diminuir a taxa de juros, o que acabou não acontecendo .
A interlocutores, porém, Lula e Haddad concordam que a manutenção da taxa aconteceu mais por culpa do presidente que propriamente do ministro. As falas de Lula contra o BC irritaram o mercado e houve incômodo geral no momento em que Haddad tinha portas abertas na entidade.
Em todo caso, se alguém do PT espera uma mudança de rota na economia, pode sentar. "Não vai acontecer", afirmou uma fonte que garantiu. "Lula confia no Haddad".