Jair Bolsonaro (PL) ficou furioso ao saber que um de seus aliados de maior confiança, Tarcísio de Freitas (Republicanos) visitou duas vezes o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A tensão foi tão grande que ele teria proferido palavrões em mensagem enviada a grupos de WhatsApp com representantes do PL e que também tem pessoas ligadas ao governador de São Paulo.
Uma parlamentar que faz parte do grupo revelou à coluna que o ex-presidente estava fora de si. "Ele proferia palavrões, xingamentos e berrava no áudio. Foi assustador", contou ela, que detalhou. "O mais leve foi 'traidor'. Mas houve menção a mandar tomar no c* e de 'aquele filho da p*ta'", diz ela, ligeiramente constrangida pelo palavreado usado.
A fonte ouvida explica que a primeira visita de Tarcísio a Lula, junto com outros 26 governadores, já teria irritado Bolsonaro, que considerou um sinal de que o aliado não estava tão fiel assim. "Ele não gostou, mas como estavam todos os governadores e havia comoção nacional, acabou deixando por isso mesmo, sem maiores consequências", revela.
Na visão da deputada eleita, Bolsonaro acabou passando pano para seu ex-ministro na segunda-feira (9) porque vídeos mostraram Tarcísio fazendo defesa indireta a ele e condenando qualquer tipo de perseguição política. "Ele não gostou da caminhada de Lula com os governadores, mas se sentiu representado com o discurso", conta a parlamentar.
Segundo ela, o problema se deu com a visita desta quarta-feira (11), com direito a foto dos dois sorrindo . "Bolsonaro se sentiu traído. Para ele, a foto foi um recado do Tarcísio de que não apoia os atos e que respeita os resultados das urnas", garante. A coluna questionou que isso não faria sentido, afinal Tarcísio só é governador pelo resultado das urnas. "Vai explicar isso para o ex-presidente", ensina ela.
Ao receber a foto de aliados, Bolsonaro teria ficado fora de controle e mandado diversas mensagens no grupo. Outro aliado, que faz parte de outros grupos diz que as mensagens não chegaram nesse locais em que Tarcísio faz parte. "O governador sabe que o presidente ficou irritado", revela. Questionado se houve uma conversa entre os dois, a resposta é taxativa. "Não".
Na visão de membros do PL e do Republicanos, a estratégia de Tarcísio foi dar um recado ao STF (Supremo Tribunal Federal), de que é um político alinhado à direita, mas que respeita a Constituição e a política. Além disso é o primeiro passo da categoria para abandonar Bolsonaro em praça pública , como já havia revelado a coluna. Um forte aliado do governador explica como surgiu a ideia da reunião. "Este encontro poderia facilmente acontecer em março, mas o Kassab [Gilberto Kassab, líder do PSD e secretário em SP] convenceu o governador de antecipar para dar um sinal político após o desastre de Brasília", explica um ex-assessor.
A ideia de Kassab é transformar Tarcísio em presidenciável para 2026 e no principal nome de oposição a Lula. O problema é que o governador só se elegeu com voto dos bolsonaristas e pular do barco pode ser visto como traição. "Não há um só político que abandonou o Bolsonaro e depois foi eleito", lembra um cacique partidário da base de apoio do governo paulista, mostrando preocupação com o movimento.
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