A situação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está cada vez mais complicada, segundo avaliam os aliados mais próximos. Com o número de assinaturas já conquistadas para a abertura de uma CPI dos atos antidemocráticos, já há senadores que consideram fundamental convocar o político para depor, por ser considerado o cabeça das articulações.
À coluna, um senador confirmou que há a pretensão de convocar Bolsonaro. "Ele precisa ser convocado e dar explicações. A invasão terrorista na Praça dos Três Poderes tem todas as digitais do ex-presidente", garante um parlamentar. Embora o nome dele seja dado como certo como convocado, o ex-presidente não deve constar na primeira lista dos nomes ouvidos.
A disputa interna neste momento é definir quem será o presidente da Comissão. Soraya Thronike (União Brasil) é uma das senadoras que articula para presidir a CPI. Nos bastidores de Brasília, porém, o nome dela não é aprovado pela maior parte dos parlamentares e há quem defenda que a função fique com alguém do PT ou com algum aliado de primeira grandeza. Renan Calheiros (MDB) já deixou vazar que pretende presidir o grupo de trabalho.
A relatoria, outro cargo fundamental, também vem sendo disputada a tapa nos corredores do Senado Federal. "O PSD e o União Brasil também disputam o cargo", revelou um assessor que vem tocando as negociações. Em todo caso, os senadores e, principalmente o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD), já deixou claro que tanto a presidência quanto a relatoria da CPI ficarão a cargo de parlamentares governistas e a oposição não irá participar do grupo de trabalho.
Com isso, a convocação de Jair Bolsonaro é considerada como questão de tempo. Após a instauração da CPI, os primeiros nomes a serem convocados serão os empresários financiadores dos atos antidemocráticos. A ideia dos senadores, segundo apurou a coluna, é que a partir daí comece a se puxar um fio importante para chegar em outros políticos e no próprio Bolsonaro .
Aliados do ex-presidente já começaram as articulações para evitarem a convocação. Há quem defenda que ele seja convidado e não convocado, em respeito ao cargo que o político ocupou. Também há parlamentares bolsonaristas que prometem ir à Justiça para evitar, inclusive o convite, alegando que não há qualquer prova que envolva Bolsonaro nesse atos. "O presidente permaneceu em silêncio o tempo todo após as eleições. Ele não foi o cabeça de nada", justifica um deputado.
O grupo, porém, é minoritário e não deve conseguir convencer os colegas dos argumentos. A classe política também está convicta que o Poder Judiciário não dará qualquer habeas corpus para livrar Bolsonaro de um provável depoimento na CPI.
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