Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou nesta quinta-feira (29) o deputado federal Juscelino Filho (União Brasil) como o futuro ministro das Comunicações. O anúncio pegou muita gente desprevenida porque o favorito até o início da manhã era Paulo Azi (União Brasil) . Como ele era um dos grandes adversários de Rui Costa, futuro ministro-chefe da Casa Civil e também inimigo do PT na Bahia, houve movimentação para barrá-lo antes da oficialização.
Lula estava convencido de que precisava de Azi no cargo por ser um nome apreciado por Arthur Lira (PP), presidente da Câmara, e o petista considerava importante agradar o chefe do Poder Legislativo a fim de mostrar boa vontade. Mas as reações foram muito pesadas, com direito até a abaixo-assinado de jornalistas e entidades da área, o que fez com que o PT passasse a tentar apagar incêndios.
A resistência chegou ao hotel em que Lula estava ainda durante a madrugada. O presidente tentou conversar com a ala do PT e até ouviu de Rui Costa que ele não seria empecilho para a nomeação, caso fosse estritamente necessário a fim de manter o apoio do União Brasil. Do lado da legenda, houve reclamações a ponto de Luciano Bivar anunciar que a sigla decidiu ser independente, embora todos saibam que é conversa para boi dormir, já que o União deve oferecer 50 dos 59 votos na Câmara em favor do governo.
Após uma longa reunião nesta manhã, segundo pessoas que estiveram no hotel com Lula, o presidente ouviu que Arthur Lira estava cedendo. O presidente da Câmara concordou em indicar outro nome e apresentou Juscelino Filho, que caiu nas graças do novo governo. Mesmo tendo apoio Jair Bolsonaro (PL) durante praticamente todo o mandato, ele foi um importante aliado de Flavio Dino (PSB) no governo do Maranhão e ganhou o aval do futuro ministro da Justiça.
Azi saiu pela porta da frente ao fazer o anúncio de que havia declinado do convite porque considerava importante seguir no Congresso. Ele, porém, é visto como um parlamentar que pode dar trabalho, caso não seja beneficiado com cargos de segundo escalão, o que já vem sendo providenciado. A manobra de Lula foi vista como inteligente e eficaz para evitar o afastamento de um importante partido.
O ministério das Comunicações era visto como estratégico por parte da base aliada e há quem não tenha gostado de vê-la nas mãos do União Brasil. Porém, por se tratar de um parlamentar ligado a Dino, existe a expectativa de que Juscelino abrace a cartilha do PT para combater as fake news da extrema-direita. Ao menos é essa a orientação de Lula para seu futuro funcionário.
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