Dos 37 ministérios que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terá a partir do próximo domingo (1º), um em especial gerou ao primeiro atrito sério dentro do PT e na base aliada. Legendas progressistas que se juntaram em torno de Lula ficaram furiosas com a decisão do presidente eleito de entregar o ministério das Comunicações para o União Brasil e, principalmente, a um inimigo de Rui Costa.
A coluna conversou com membros do Avante, do PCdoB e do PSOL e todos concordaram que a decisão, caso seja confirmada, será desastrosa. Na visão dos partidos apoiadores de Lula, as Comunicações são um ministério estratégico para a guerra de narrativas a ser imposta contra a extrema-direita a partir do ano que vem. "É impossível esperar que um partido como o União Brasil defenda nossos ideais e combata de frente as fake news", diz uma parlamentar do PSOL.
Um aliado próximo a Lula concorda, embora faça uma observação. "É fundamental ter o União na base, afinal são 59 deputados para votar com a gente. Mas nas Comunicações é um erro estratégico". Na visão do grupo, a pasta deveria ficar nas mãos de uma legenda de esquerda e não fisiológica.
Lula decidiu dar três ministérios ao União Brasil em troca de cerca de 50 votos na Câmara e três no Senado. O anúncio será feito nesta quinta-feira (29). As Comunicações devem ficar nas mãos de Paulo Azi, deputado federal da Bahia, e o nome deixou muita gente incomodada.
Azi nunca declarou apoio público a Jair Bolsonaro (PL), mas já compareceu a eventos na companhia do presidente e até em vídeo com o ministro do turismo, Gilson Machado, durante visita da comitiva presidencial a Bahia.
Nas eleições, Azi foi adversário do PT na Bahia, apoiando o candidato de seu partido, ACM Neto. Ele chegou a denunciar Rui Costa, então governador do estado e futuro ministro-chefe da Casa Civil de Lula, por um suposto vídeo com informações falsas.
"Valadares sabe muito bem que os dias do PT na Bahia estão contados porque, a cada dia, a pré-candidatura de ACM Neto ganha mais apoio, inclusive de políticos ligados ao PT", disse durante uma briga política com um deputado petista no estado.
Ala do PT enxerga a nomeação de Aziz como um tiro no pé. "É levar o inimigo para dentro do governo. Ele é bolsonarista", disse um parlamentar.
Pessoas próximas confirmaram que Rui Costa também não gostou da nomeação, mas optou por não fazer reclamações e tentar compor pela necessidade de ter o União Brasil na base aliada. Já um grupo importante dentro do PT tenta convencer Lula a barrar o nome do deputado e pedir que o União Brasil indique outro.
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