O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vem dizendo a aliados que pretende indicar o nome de Cristiano Zanin para a primeira vaga que abrir ao STF (Supremo Tribunal Federal). A ideia esbarra no PT, que teme uma falsa impressão de que a indicação é para colocar uma cadeira "de Lula" na Corte.
Fontes ouvidas pela coluna explicam que a preocupação se deve a forma como Jair Bolsonaro (PL) passou a vender o STF ao brasileiro médio. "Em outra época, o Zanin seria indicado e ninguém veria problema, agora há uma questão de imagem a ser trabalhada pela Suprema Corte", revelou um importante membro do diretório petista.
Parlamentares da sigla seguiram a mesma linha e lembraram que isso é culpa de Bolsonaro. A memória é pela guerra que o atual presidente travou com o STF e ao nomear Kassio Nunes e André Mendonça passou a tratá-los como "nomes dele". Ou seja, tanto o mandatário quanto os bolsonaristas enxergaram os dois ministros como uma espécie de porta-voz do projeto de Bolsonaro. Puro aparelhamento, lembrou um senador do PT em conversa com a coluna.
A guerra ideológica entre Bolsonaro e o Supremo tomou proporções tão gritantes que ele chegou a pedir no Senado o impeachment de Alexandre de Moraes. Com ameaças, xingamentos e tom de golpe, o presidente nunca viveu em harmonia com a Corte.
Por causa disso, petistas consideram que Lula precisa ajudar a melhorar a imagem do STF. "Nomear o próprio advogado pode dar a falsa impressão de que Lula quer alguém dele lá, como o Bolsonaro fazia", disse um parlamentar.
Em conversas internas, o Prerrogativas, grupo de juristas que ajudou na campanha de Lula e denunciou os desmandos da Lava-Jato, também já se posicionou contra o nome de Zanin. Os motivos são os mesmos: zelar pelo nome do STF. O grupo defende que Pedro Serrano seja o escolhido.
Lula já ouviu as ponderações e ficou de pensar, embora continue dizendo que Zanin é o nome ideal. Ele, porém, prometeu ouvir os ministros do STF para entender se há a demanda a respeito de melhorar a imagem da Corte.
Lula terá de decidir logo no começo do mandato. O ministro Ricardo Lewandowski tem como data limite maio do ano que vem para se aposentar, mas tem dito a pessoas próximas que pretende antecipar o pedido. Em outubro, o presidente eleito terá uma segunda nomeação com a aposentadoria de Rosa Weber, mas para esta vaga ele já disse que indicará uma mulher.
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