O mundo paralelo do bolsonarismo está em pé de guerra. Em grupos de mensagens, os principais influencers que apoiam o governo de Jair Bolsonaro (PL) já não falam a mesma língua e trocam ofensas quase que o dia todo.
A coluna teve acesso a algumas das conversas trocadas nos últimos dias e elas são pesadas, com direito a palavrões, xingamentos e ofensas. Tudo porque neste momento existem dois tipos de bolsonarista: o que garante ter informação privilegiada sobre um suposto golpe de Estado que entrará em voga nos próximos dias e aqueles que insistem em desmentir a informação.
A disputa interna de narrativa descambou para as redes sociais. Enquanto alguns políticos e jornalistas que ganharam fama surfando na onda de Bolsonaro postam mensagens cifradas incentivando as manifestações antidemocráticos, outros do entorno do presidente tentam apagar o incêndio.
Mensagens postadas em grupos de WhatsApp dando a entender que no dia 23 acontecerá um golpe de Estado vem sendo compartilhada por nomes importantes do bolsonarismo. Jornalistas e políticos, inclusive, incentivam a população a comprar mantimentos por longa data porque pode haver falta nos mercados. Sempre com mensagens cifradas, o grupo alimenta a tensão golpista de manifestantes.
Mas pessoas ligadas a Bolsonaro tentam apagar o incêndio. O ex-chefe da Secom e um dos coordenadores da campanha pela reeleição Fábio Wajngarten usou as redes sociais para acalmar os ânimos. "Alpinistas tentam tirar vantagem da boa vontade do povo dizendo que possuem informações privilegiadas. A novidade agora é o surgimento dos garotos de recados e ou porta-vozes da solução mágica invisível/inexistente. Não deem palanque pra essas pessoas."
A postagem, segundo apurou a coluna, não foi só uma indireta para desafetos dentro do bolsonarismo. Mas uma forma de indicar que o presidente não está participando desse levante golpista e não há intuito em atentar contra a democracia. A disputa pela narrativa entre os dois grupos, no entanto, deve seguir até depois da posse de Lula (PT).
Parlamentares ligados aos dois grupos garantem que a culpa por esta guerra é do próprio Bolsonaro e de seu filho Carlos (Republicanos). Os dois comandaram por ano as narrativas dos grupos para que todos falassem a mesma língua.
O conhecido gabinete do ódio está desnorteado e sem comando desde que o presidente perdeu a reeleição. O silêncio dele e do filho abriu espaço para a disputa de narrativas, que virou uma guerra no seios bolsonarismo.
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