Lira já trabalha nos bastidores para encontrar uma alternativa ao orçamento secreto
Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
Lira já trabalha nos bastidores para encontrar uma alternativa ao orçamento secreto

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem sua aposta para controlar o Congresso a partir de 2023 e durante todo seu mandato: o fim do Orçamento Secreto. O futuro governante joga alto e avisou que não pretende ceder a chantagens de parlamentares, que estão pressionando para que o novo governo trabalhe junto ao STF (Supremo Tribunal Federal) pela manutenção das emendas do relator.

À coluna, um membro do PT afirmou que o partido ligou o sinal de alerta. Há deputados dispostos a travar a votação da PEC da Transição caso o Orçamento Secreto seja considerado inconstitucional nesta quarta-feira (7). O recado foi dado por diversos membros do Congresso e preocupa a legenda, mas Lula garante que está calmo e não se preocupa.

O petista atua nos bastidores com os caciques dos partidos, que é quem determinam a votação de boa parte dos deputados. Para o presidente eleito, fazer política nos bastidores é correr riscos e ele decidiu apostar no fim do Orçamento Secreto. "Lula não acredita que parlamentares vão barrar a PEC da Transição", confirmou um aliado do petista.

Em grupo de mensagens entre líderes partidários, a aposta é de que Lula pode sair vencedor, mas a margem de manobra é curta. Gilberto Kassab (PSD) atua nos bastidores para controlar um possível incêndio e manter seus deputados votando a favor da PEC, independentemente do resultado no STF. Movimento semelhante acontece com Luciano Bivar, no União Brasil, e com Renan Calheiros, no MDB.

Fator decisivo para a aprovação do Bolsa Família fora do teto é o PP. No momento Arthur Lira garantiu pelo menos 25 votos a favor do projeto. Mas o presidente da Câmara é o principal fiador do Orçamento Secreto e parte do PT se preocupa que o resultado do julgamento possa mudar o humor do político. Em seu entorno, Lula diz que Lira não vai voltar atrás no compromisso de governabilidade.

Um nome importante do PP e ligado a Ciro Nogueira e ao próprio Lira calcula que, neste momento, a PEC da Transição conta com aproximadamente 350 votos, apenas oito a mais do que o necessário para aprovação. "Se o Lula piscar, ele perde", avisa o deputado. Mesmo com o PT preocupado, o presidente eleito não vai mudar de posição e aposta alto na aprovação da Proposta com margem considerável.

O plano de Lula é de que, sem o Orçamento Secreto, o Centrão vá se desidratar e a aposta é de criar novo grupo de parlamentares, um "novo Centrão", como vem sendo dito nos bastidores de Brasília. Parte do PP, PL e Republicanos devem se manter na oposição, principalmente a depender da votação do Supremo, mas o PT trabalha nos bastidores para dar força ao União Brasil e PSD, além do próprio MDB.

Lira tem se mostrado tranquilo a aliados e se juntou a Rodrigo Pacheco (PSD) para criar uma alternativa em caso de derrota na Corte Suprema. A pessoas próximas, o presidente da Câmara garantiu que um novo modelo que vem sendo desenhado contará com o apoio do futuro governo. O PT, por sua vez, deixou chegar à cúpula do Congresso que, para funcionar o novo mecanismo, é preciso que as emendas passem pela mão de parlamentares de esquerda e não apenas do centro.

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