Fernando Haddad (PT) deve ser o ministro da Fazenda a partir de janeiro de 2023. Ele já foi convidado pelo presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e dificilmente haverá uma reviravolta. É o que afirma um importante aliado na transição de governo, em conversa com a coluna na última sexta-feira (02), pouco antes de iniciar a partida entre Brasil e Camarões.
Segundo este membro da transição, o convite de Lula a Haddad aconteceu na semana passada e o ex-prefeito de São Paulo aceitou o desafio. O próximo presidente vinha sondando o nome do aliado desde o resultado das urnas , em 30 de outubro, mas levou mais tempo para oficializar seu desejo. Isso porque o mandatário queria sentir como seria o comportamento do mercado e do próprio político em relação a temas controversos.
Embora tenha havido ruídos em alguns momentos, o presidente eleito entendeu que Haddad se comportou muito bem em todos os momentos. Seja na Cop-27, quando aceitou ser figurante de Marina Silva (Rede) e do próprio Lula, ou até nas conversas com representantes do mercado financeiro.
A principal característica eleita pelo petista para o cargo de ministro da Fazenda é alguém que dê respostas claras para as políticas que serão adotadas a partir do ano que vem. Lula não abre mão de ter "o pobre no Orçamento", como ele próprio gosta de dizer. Mas, por experiência de mandatos anteriores, ele sabe que o mercado não costuma reagir bem a afirmações deste porte.
Por isso, o presidente quer um político com habilidade para lidar com um grupo que costuma resistir à mudanças. Haddad foi bem visto por ter uma trajetória de boas negociações tanto com o público quanto com o privado. O anúncio deve acontecer na segunda semana de dezembro .
Haddad não é unanimidade
Mesmo com o convite formal e com o aceite de Haddad, o candidato derrotado ao governo de São Paulo não é unanimidade no entorno do próximo governo. Dentro do próprio PT existe resistência com o nome, porque uma ala da legenda considera que o ex-prefeito é centralizador, não costuma abrir espaços políticos e sempre muito focado na técnica.
Por outro lado, novos grupos que começaram a se aproximar das articulações, como o MDB e o PSD, enxergam a escolha de Haddad como acertada. A pessoas próximas, Gilberto Kassab, cacique do PSD, fez elogios à decisão de Lula. O presidente da sigla chegou a dizer para um grupo de amigos que o futuro ministro da Fazenda não age por vingança e não vai tentar prejudicar adversários.
Kassab é aliado de Tarcísio de Freitas (Republicanos) , último grande refúgio do bolsonarismo, e aceitou o cargo de Secretário de Governo de SP. Ele quer transformar o próximo governador do estado como o grande nome da oposição, minando Jair Bolsonaro (PL) . Enquanto fica com um pé na canoa de Tarcísio, ele leva o PSD para a canoa de Lula.
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