O cacique do PSD, Gilberto Kassab, já tem um plano para acabar com o presidente Jair Bolsonaro (PL), politicamente falando. Um dos principais líderes do país, ele é peça fundamental no cenário federal e vem sendo tratado por parlamentares e membros do Grupo de Transição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como um aliado importante para o próximo governo. Mas não só, o tradicional político virou guru do futuro governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) .
O PSD elegeu 42 deputados federais, mas nos bastidores fala-se que o partido deve crescer com as movimentações naturais que acontecem em início de mandato. Uma fonte ouvida pela coluna confirmou que Kassab se reuniu com Lula e garantiu entre 38 e 40 votos alinhados com o governo federal a partir de 2023. A legenda negocia pelo menos dois ministérios em troca do apoio incondicional.
Por outro lado, o partido também é vice do que se tornou a principal praça do bolsonarismo, São Paulo. Tarcísio é figura central entre os apoiadores de Jair Bolsonaro por comandar o estado mais importante do país a partir do ano que vem. Porém, ele tem sido convencido a se afastar cada vez mais do presidente, derrotado nas eleições, e se está dando ouvidos ao ex-prefeito paulistano.
Todos os nomes sugeridos para secretários estaduais estão passando pelo crivo do cacique, que prometeu ao futuro governador que pode transformá-lo em presidenciável em 2026. "Tarcísio sabe que só tem chance se acabar com o Bolsonaro e o presidente só morre politicamente se o bolsonarismo chegar ao fim", diz um deputado estadual do PSD, que confirmou trabalhar nos bastidores para que nomes ligados a Jair não ganhem cargos estratégicos.
Uma das condições estabelecidas pelo líder da legenda é que o futuro governador se afaste do radicalismo. Por isso, ele já vetou pelo menos três aliados de Bolsonaro para cargos importantes em São Paulo, todos da vertente ideológica. No momento, a construção do governo estadual vive uma queda de braço entre PSD, Republicanos e o PL ideológico.
Tarcísio tem sofrido ameaças de que, se optar pela política tradicional, terá de pagar o preço de sofrer com a onda de cancelamento controlada pelo bolsonarismo. Por outro lado, um parlamentar confirmou à coluna que o presidente do PSD garante que, com Lula no poder, o radicalismo não dura seis meses. "O bolsonarismo não chega ao fim de 2023", tem dito Kassab a pessoas de seu entorno.
A pessoas próximas, Kassab tem dito que a política só volta à normalidade com o fim de Jair Bolsonaro e por isso ele atua nas duas pontas. Na esfera federal, trabalha para ajudar o governo Lula a transformar o país e realizar conquistas importantes, como a volta do Bolsa Família, investimento na Cultura e em tecnologia. Por outro lado, em São Paulo, Tarcísio precisa ser visto como liderança e não como capacho de Bolsonaro.
Nos bastidores há quem diga que Tarcísio não deve permanecer no Republicanos até 2026 e a tendência é que ele migre para o PSD durante o mandato. O que todos confirmam é que a tentativa que Kassab fez com Rodrigo Pacheco e não conseguiu, vai buscar com Freitas: um presidenciável pronto para polarizar com o PT. A proposta, segundo quem convive com o governador eleito, o deixou com os olhos brilhando.