Cesário Melantonio Neto

A hora do hidrogênio verde

A largada para desenvolver e explorar essa fonte de energia limpa já foi dada

Foto: Divulgação / EDP
A hora do hidrogênio verde


Não há mais tempo a perder. A ocorrência de eventos climáticos extremos cada vez com maior frequência e intensidade é um aviso claro de que a humanidade precisa mudar para salvar o planeta e a própria existência.

A contagem regressiva já começou. São urgentes medidas e um esforço conjunto para frear o aquecimento global em escalada como jamais vista. A batalha pela descarbonização deflagrou uma corrida para expandir as energias renováveis. Um mutirão que deve unir nações e empresas para levar às próximas gerações um mundo menos hostil e melhor de se viver.

A emergência por matrizes limpas pôs no centro do palco o hidrogênio verde (H2V), um tipo de combustível sem emissões de carbono e principal aposta para deter o grande aumento de temperatura do planeta. Se o século passado ficou marcado como o da economia do petróleo, este tem tudo para ficar conhecido como a era do hidrogênio verde. O hidrogênio vai ser o barril de petróleo do futuro.

A largada para desenvolver e explorar essa fonte de energia limpa já foi dada. Relatório da Agência Internacional de Energia afirma que o hidrogênio ganhou impulso técnico, político e comercial sem precedentes com a deflagração de uma série de políticas públicas e grandes projetos pelo mundo.

É promissor o cenário que se desenha para o Brasil, pela quantidade abundante de água e pela prevalência de fontes de energias limpas como a solar e a eólica, ingredientes essenciais para a obtenção do hidrogênio verde.


Trata-se de uma oportunidade única e o Brasil tem de acelerar a conversão de sua matriz energética e, num futuro próximo, ganhar protagonismo no cenário econômico mundial que deve receber uma nova configuração geopolítica a partir do hidrogênio verde. Agora é o momento de fazer a coisa certa.

É unanimidade que um dos maiores desafios para o hidrogênio verde ganhar escala global e tornar-se viável será o seu custo de produção. Vale destacar que 75% desse custo vem das fontes renováveis utilizadas para a sua obtenção. Por ter um crescente parque hidrelétrico, eólico e solar, a projeção é que o Brasil deva ter o H2V mais barato do mundo em 2030.

Atualmente, o custo máximo da produção de hidrogênio verde varia a partir de quatro dólares por quilo até doze dólares por quilo. A previsão para o Brasil até o fim desta década é de um dólar por quilo ou até abaixo desse valor.

Atualmente, o hidrogênio verde ainda é muito mais caro do que suas alternativas cinza, com alta emissão de carbono e azul com menor, mas, ainda sim, digna de registro. A demanda ainda é baixa, daí ser necessário iniciar um círculo vicioso em que a produção em larga escala alimente a demanda e vice-versa.

Os competidores brasileiros com maior potencial serão o Chile, Peru, Emirados Árabes Unidos, Suécia, Argentina, Espanha e Canadá.