Em 8 do corrente se completou um ano dos ataques à Democracia e, nessa data, autoridades dos Três Poderes se reuniram em Brasília para relembrar o ocorrido, comemorar a consolidação da Democracia e reafirmar a defesa dos Poderes.
Completado um ano dos ataques de bolsonaristas golpistas às sedes das instituições democráticas na capital federal, com depredação de prédios públicos e destruição de obras de arte e de objetos históricos, a solenidade no Senado batizada de "Democracia Inabalada" marcou a condenação deste atentado à nossa Democracia.
Foi um momento de afirmação democrática e da capacidade das instituições de resistir à ameaça golpista. O 8 de janeiro de 2023 foi o clímax de dois meses de agitação golpista após a derrota de Bolsonaro.
Bloqueios de estradas, acampamentos em frente aos quartéis, conflitos de rua às vésperas da diplomação do presidente Lula, uma tentativa de atentado terrorista, na véspera do Natal. Tudo isso tinha o mesmo objetivo do vandalismo na praça dos Três Poderes: criar um clima de caos que servisse de pretexto para um golpe militar.
Quando os militares não apareceram, os soldados rasos foram presos. Mas ainda falta prender muita gente. Os vândalos do 8 de janeiro não eram cidadãos comuns em uma explosão de radicalismo: eram soldados rasos de um movimento político organizado com extensa e bem financiada rede de desinformação, bancada parlamentar própria e quartel general no Palácio do Planalto.
Os comparsas da tentativa de golpe são cúmplices de um projeto ditatorial de mentiras criminosas de fraude eleitoral e de que decisões do Supremo não seriam cumpridas. São cúmplices de um idiota necrófilo, que fez campanha homicida contra medidas sanitárias na epidemia, que diz ser adepto do estupro, da tortura e do assassinato como instrumento político.
Parte da elite econômica e social do país não teve problema algum de adotar esse tipo de pessoa como um instrumento político capaz de implantar "liberalismo", de acabar com impostos, de sufocar os progressistas, de reprimir o reconhecimento da diversidade humana e seus direitos e de largar os mais pobres a própria sorte.
E como aquela gente que elogia o ditador assassino Pinochet por ter colocado a economia do Chile no rumo certo, como já disseram alguns economistas e empresários que andam por aí a falar de déficit e de reformas para evitar a ajuda aos mais pobres.
Quase deu certo, mas o plano foi prejudicado pela elite mais civilizada que abortou as tentativas golpistas e se levantou, enfim, em agosto de 2022.
A civilização venceu a barbárie.
Mas essa ideia do vale tudo está viva e as forças democráticas precisam estar vigilantes como demonstraram no último dia 8 em Brasília. Quase 40 anos após o fim da ditadura, o Brasil deve concentrar todos os esforços para se tornar uma nação mais justa, com menos desigualdade social e mais oportunidades, em especial, para os mais pobres.
Nesse contexto, tem especial relevância, em Brasília, a cessão pelo Governo Federal de área para a construção do Museu da Democracia. Serão investidos 40 milhões de reais no empreendimento com recursos do programa de aceleração do crescimento.
Em comunicado publicado em 5 do corrente, o Ministério da Cultura informou que, desde o início do ano passado, após os ataques antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, vem trabalhando para viabilizar a construção desse Museu. O local foi escolhido após tratativas entre o Ministério da Cultura e a Secretaria do Patrimônio da União.
O terreno está localizado no setor cultural, lado Norte da Esplanada dos Ministérios, ao lado do Teatro Nacional Cláudio Santoro. A destinação da área será formalizada nos próximos dias. Na sequência, o Ministério da Cultura e o Instituto Brasileiro de Museus devem lançar concurso nacional para escolher o projeto arquitetônico do espaço.
Apenas após essa etapa, será possível licitar a execução da obra com expectativa para ser iniciada no próximo ano. Por nota, o Ministério da Cultura informou que o Museu será construído com a união dos setores democráticos do país e não estará ligado a um setor político.
“O intuito é que seja uma instituição cívica, plural e construída em sintonia com todos aqueles que apoiam a Democracia". O projeto já despertou o interesse da comunidade internacional e a Organização Europeia de Direito Público, dedicada a temas como o Estado de Direito e a Democracia, manifestou interesse em participar e colaborar nesse projeto, tendo em vista que a Grécia é o berço da Democracia.