Cesário Melantonio Neto foi embaixador do Irã, Turquia, Egito, Azerbaijão, Grécia e Cuba; Conselheiro em Roma; Cônsul geral em Frankfurt; Secretário em Paris México e Madri
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Cesário Melantonio Neto foi embaixador do Irã, Turquia, Egito, Azerbaijão, Grécia e Cuba; Conselheiro em Roma; Cônsul geral em Frankfurt; Secretário em Paris México e Madri

O crime de genocídio praticado pelo ex-governo contra os Yanomamis, com o apoio do garimpo ilegal, choca o mundo exibindo horror do descaso e conivência de autoridades do desgoverno.

Esse holocausto indígena afronta os mínimos padrões de civilização no momento da visita do primeiro-ministro alemão.

Foi uma carnificina deliberada. Típica dos mais abomináveis genocídios. Aldeias inteiras submetidas ao crime organizado. Por ação e omissão, o governo anterior colocou em ameaça sistemática o povo yanomami.

Estive nessa região e sofro com essa tragédia sem precedentes, vendo esse povo morrer pela fome e por doenças em um contexto de ataques ilegais de garimpeiros que foram avançando floresta adentro, sem controle, destruindo tudo que viam pela frente – os indígenas, inclusive.

Na prática, os agentes invasores das terras demarcadas buscaram o extermínio sistemático como os nazistas contra os judeus. Os relatos que chegam da região são horrendos. O desespero de crianças esquálidas sem ter o que comer percorre o mundo e mostra um Brasil arruinado pela barbárie.

A falta de remédios, destruição de postos médicos, o aliciamento covarde por drogas e até estupros e assassinatos por afogamento chocam o Brasil e a comunidade internacional.

A Corte Internacional de Justiça, em Haia, deve se ocupar desse genocídio, no plano internacional com a participação de um juiz brasileiro.

No anterior desgoverno, cerca de 20 mil garimpeiros, com apoio federal, dominaram a população de 28 mil yanomamis registrados.

Caos e desespero viraram uma constante.

Os índios fortíssimos de genocídio não podem ficar sem punição.

A violação aberta e escancarada dos direitos humanos mais elementares desses brasileiros constitui uma vergonha nacional e internacional.

Em Roraima, muitos dos habitantes indígenas idosos, adultos, crianças e bebês estão pele e osso a lembrar de maneira horrível os presos de outrora em campos de concentração nazista.

Aliás, este mês, o Parlamento Alemão promoveu cerimônia tocante e chocante sobre o campo de concentração nazista.

Em 3 anos, a área explorada pelo garimpo ilegal na área Yanomami cresceu 173%.

A comoção causada por imagens de indígenas desnutridas chocou o Brasil e o mundo.

Investigação sobre possível crime de genocídio deve ser feita pela Polícia Federal.

É de esperar-se, como já disse, escrutínio de órgãos como a Corte Internacional de Justiça que recebeu denúncias de entidades civis apontando crimes contra a humanidade e genocídio.

A Corte somente vai atuar se as instituições brasileiras falharem na missão de investigar e punir os responsáveis.

Invasores e seus mandantes, com o beneplácito e descaso das autoridades constituídas, contaminaram reservas com seus mercúrios, afogaram crianças com suas dragas e perseguiram abertamente os yanomamis como animais de caça.

As ocupações ilegais, como já foi dito, mais que triplicaram, segundo os recentes registros. De uma forma deplorável, o governo Bolsonaro concedeu aval inédito para a garimpagem.

A desgraça foi anunciada porque a situação calamitosa da saúde dos índios foi abortada há mais de um ano e nada foi feito para evitar a crise humanitária.

Já em novembro de 2019, no tribunal penal de Haia, entidades acusaram Bolsonaro no tribunal de ameaça aos povos indígenas. Documento cita vinte medidas erradas, oito discursos de incitação à violência e cinco casos de omissão.

Em julho 2020, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos exige ações para proteger o povo yanomami e cita invasão de garimpeiros, contaminação dos rios por mercúrio e falhas no sistema de saúde.

A expansão da atividade garimpeira com Bolsonaro está intimamente ligada à emergência de saúde pública na área e à subnutrição que atinge os índios.

Propositalmente, o trabalho da FUNAI foi se enfraquecendo nos últimos quatro anos com o fechamento de postos de fiscalização e falta de investimento.

Nos últimos quatro anos, 570 crianças indígenas morreram por descaso e falta de ajuda.

Há denúncias de que os recursos destinados à saúde indígena foram repassados para organizações evangélicas simpáticas ao anterior governo. Uma delas teria chegado a receber mais de R$ 870 milhões dessa verba carimbada.

A sociedade global, que passou a cobrar respostas urgentes ao tomar ciência dessa situação, mostra-se mais uma vez chocada com essas notícias que chegam do Brasil após a recente intentona extremista.

Desta vez, governos estrangeiros e organizações multilaterais classificam como assassinatos os episódios revelados.

É notório salientar a falta de atenção básica à saúde dos povos originários, especialmente nos últimos 4 anos em que a política negacionista, aliada a negligente atuação dos órgãos do anterior governo, proporcionou o cenário perfeito para o genocídio que estamos assistindo no Brasil dos povos indígenas.

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