Um ‘narcoestado’ paralelo está crescendo na Amazônia como um câncer e com a passividade de Brasília que ignora os crimes ambientais.
Este erro de lesa pátria põe em risco a integridade do território nacional função precípua de qualquer administração.
A abdicação de seus deveres pelo Executivo Federal é algo de inaudito sobretudo se levarmos em conta o aumento do orçamento do Ministério da Defesa.
O desaparecimento de Bruno Araújo e Dom Philips acordou o mundo para um mal que atinge a região, a escalada do narcotráfico ligado a garimpeiros, invasores, fazendeiros, madeireiros – todos ilegais.
Esse conluio poderoso ameaça as bases do Estado brasileiro e conta com o apoio claro ou disfarçado de certas lideranças políticas regionais e nacionais.
Não devemos ser inocentes úteis e nem tapar o sol com a peneira, pois essa escalada do narcotráfico na região, ligado até à pesca, está cada vez mais entrelaçada com a rede de ilicitudes comandada pelo garimpo e a extração de madeira, formando um ecossistema do crime.
A certeza de impunidade, por conivência de autoridades, leva o crime organizado a ocupar cada vez mais espaço na região.
A Amazônia é hoje um barril de pólvora que destrói a reputação brasileira no mundo.
A violência, a miséria e a devastação ambiental são as três mazelas que caracterizam a destruição da soberania nacional na Amazônia.
Brasília parece querer ignorar esses atentados à soberania territorial nacional por conivência, incompetência ou ignorância.
Essa situação é insustentável e indefensável sob todos os pontos de vista.
Nenhuma nação pode tolerar um narcoestado paralelo que nos tornou um dos principais fornecedores de drogas do planeta.
Até quando a população brasileira vai tolerar esse domínio criminoso de vastas áreas do território nacional?
O enfraquecimento proposital dos órgãos de governo responsáveis por esse tipo de controle se afigura como grave crime contra a segurança nacional.
Orçamento existe para esse combate, mas falta vontade política e na Amazônia o narcotráfico se entrelaça com os crimes ambientais. As facções criminosas se valem dos carregamentos clandestinos de madeiras, de manganês e até de peixe para escoar as drogas sob os olhos coniventes do estado brasileiro que se recusa a desempenhar o seu duplo papel de fiscalização e prevenção do crime.
Esses grupos criminosos criam empresas, lavam dinheiro e tomam parte no contrabando e no tráfico de armas e drogas.
Os homicídios no Norte do país aumentaram 260% nos últimos quatro anos.
Pessoas como o indigenista e o jornalista que denunciam essa situação correm o risco de pagar com as suas vidas esse desafio ao crime organizado na Amazônia.
É preciso uma tessitura forte de uma rede institucional federal, estadual e municipal que tem sido explicitamente descontruída pela agenda antiambientalista do atual Executivo federal.
Brasília faz vista grossa à real e crescente ameaça à Amazônia e toda a nossa região setentrional.
O sequestro da Amazônia por um narcostado paralelo exige reação imediata e vigorosa da sociedade brasileira diante da apatia proposital de Brasília.