Ministros Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso rebatem ataques disparados pelo governador de SP contra o tribunal
Agência Brasil
Ministros Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso rebatem ataques disparados pelo governador de SP contra o tribunal

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de olho na sua candidatura ao Palácio do Planalto no ano que vem, tentou colocar pressão nos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que julgarão, a partir desta terça-feira (9), o principal núcleo da organização criminosa que armou para dar um golpe de Estado a fim de manter Jair Bolsonaro (PL) na Presidência.

A tentativa de pressionar e ficar bem na fita com bolsonaristas, foi feita no domingo (7), ao participar da manifestação de apoiadores do ex- presidente na avenida Paulista.

Para ver se consegue assegurar alguma coisa do espólio político de Bolsonaro, ele não economizou palavras e jogou dúvidas sobre o processo penal, acusando o relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, de ser um "tirano".

Mas, a julgar pelas reações da Corte, ele não conseguiu intimidar nenhum membro da Corte.

O presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, em resposta ao governador paulista - e também à ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, que reclamou de "perseguição" por parte da Justiça -, afirmou nesta segunda-feira (8) que o julgamento de Bolsonaro e dos demais réus na trama golpista está baseado em provas, sem "disputas políticas ou ideológicas".

“Por ora, o que posso dizer é que, tendo vivido e combatido a ditadura, nela é que não havia devido processo legal público e transparente, acompanhado pela imprensa e pela sociedade em geral. Era um mundo de sombras. Hoje, tudo tem sido feito à luz do dia. O julgamento é um reflexo da realidade. Na vida, não adianta querer quebrar o espelho por não gostar da imagem", afirmou Barroso em declaração encaminhada à imprensa.

Outro ministro que rebateu prontamente as agressões a Moraes e ao STF, foi o decano da Corte, Gilmar Mendes. 

Ainda na noite do mesmo domingo (7) Mendes afirmou nas suas redes sociais, que “Não há no Brasil ‘ditadura da toga’, tampouco ministros agindo como tiranos. O STF tem cumprido seu papel de guardião da Constituição e do Estado de Direito".

Impropérios

Entre outros impropérios, Tarcísio chamou Moraes, relator da Ação Penal (AP) 2668, de "tirano", e classificou o processo de "mentira". 

"Ninguém aguenta mais a tirania de um ministro como Moraes. Ninguém aguenta mais o que está acontecendo nesse país", afirmou.

"Nós temos um julgamento de um crime que não existiu. Não existe uma ligação entre o 8 de janeiro e Jair Bolsonaro, não existe um documento, não existe uma ordem. Então, que história é essa? Como é que vão condenar uma pessoa sem nenhuma prova?", questionou o governador.

Para ele, todo o processo está baseado em mentiras.

"Uma única delação de um colaborador que mudou a versão seis sete vezes em três dias sob coação. Essa delação vale pra alguma coisa? Uma delação mentirosa."

As declarações de Tarcísio parecem ter servido apenas ao deleite da plateia bolsonarista que estava na Paulista, no Dia da Independência, carregando a bandeira dos Estados Unidos, clamando por golpe e, para demonstrar sua disposição de, por ora, concorrer à presidência em 2026.

Para isso, deixou claro que valerá tudo. Desde tirar a camada de verniz que o apresentava como um político "moderado",  até mandar às favas todos os escúpulos. 

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