A Polícia Federal divulgou nesta segunda-feira o que ela classificou como a maior apreensão de madeira ilegal da história. A apreensão se deu em uma área na divisa dos estados do Pará e Amazonas. Ao todo foram apreendidos 131 mil metros cúbicos de toras de madeira, o equivalente para encher 6.243 caminhões. A carga está avaliada em pelo menos R$ 55 milhões.
A apreensão faz parte da operação Handroanthus GLO, uma alusão ao nome científico do ipê, uma das árvores mais cobiçadas da Amazônia, e da missão de garantia da lei e da ordem que está em vigor na Amazônia desde o primeiro semestre deste ano. As toras foram encontradas em uma área entre os rios Mamuru e Arapiuns, no Pará.
As toras foram localizadas com a ajuda do sistema de satélite Planet, que é privado. Segundo o superintendente da Polícia Federal no Amazonas e comandante da operação, Alexandre Saraiva, após a detecção das toras pelo sistema, foram feitos sobrevoos de helicópteros para finalizar o processo de identificação e localização das clareiras. Saraiva diz que o objetivo da operação, nesta primeira fase, é sufocar a extração de madeira ilegal.
"Essa operação tira uma grande quantidade de material que abasteceria o mercado de madeira. Ainda estamos investigando, mas pelas dimensões das áreas e da apreensão, não acreditamos que haja planos de manejo suficiente para toda essa madeira", afirmou o delegado.
Saraiva disse que a PF ainda está analisando documentos e que ainda não é possível afirmar se madeira seria destinada à exportação. Ele diz, no entanto, que a julgar pelas espécies e pela quantidade, é possível que parte do material tivesse o mercado internacional como destino.
Nos últimos três anos, a PF e o Ministério Público Federal (MPF) no Amazonas vêm investigando o mercado ilegal de madeira. Em 2017, foi deflagrada a Operação Arquimedes, maior investigação já realizada sobre o assunto. Ao todo, 61 empresas estão sendo investigadas e pelo menos 22 pessoas já foram denunciadas.
As investigações descobriram um esquema envolvendo agentes públicos, empresários e “laranjas” que consistia no pagamento de propina para servidores de órgãos de proteção ambiental para autorizar a extração de madeira por meio de planos de manejo fraudulentos. Com a autorização, os madeireiros obtinham créditos para comercializar a madeira tanto no mercado nacional quanto internacional.