A Justiça Federal dos Estados Unidos condenou Crhis Gordon, morador da vila de Kaktovil, no Alasca, a uma pena de três meses de prisão e a 4,5 mil dólares de multa. O homem de 36 anos foi condenado depois de ter matado um urso polar , mas não pelo ato em si, e sim porque ele não aproveitou a carne ou a pele do animal depois de matá-lo.
O caso ocorreu em 2018. O urso polar entrou no jardim de Gordon, em uma noite de inverno, para tentar comer pedaços de carne de baleia que estavam sendo preparados para um banquete na aldeia. Sem sucesso na tentativa de espantá-lo, Gordon pegou a arma e matou o bicho. Na sequência, ele postou a foto do urso morto em sua página no Facebook e escreveu: “Foi derrubado hoje à noite. Eu fiz o que era certo. Não posso deixar um urso se deliciar com o que será compartilhado”.
Ursos polares são mamíferos marinhos protegidos, listados como ameaçados pela Lei de Espécies Ameaçadas de Extinção. Apesar disso, pessoas nativas da costa do Alasca, como Gordon, têm permissão para matar ursos polares , de acordo com a Lei de Proteção de Mamíferos Marinhos, desde que não desperdicem o animal.
Desperdício
Para que a morte de um urso polar seja legal no Alasca, depois de matá-lo, é preciso aproveitar a carne para alimentação ou a pele para confecção de objetos. Gordon não fez nenhum dos dois. Ele apenas deixou a carcaça do animal por cinco meses em seu jardim, antes de mandá-la para ser queimada em um lixão, conforme o homem reconheceu durante depoimento dado em dezembro.
“Nós sabemos que as festas estavam preparando um muktuk (prato com carne de balei), conforme a tradição. Isso tudo é parte da vida em uma vila, e tudo bem. Nós não estamos criticando atirar no urso. Nós estamos criticando o modo como isso foi tratado depois da morte”, explicou o juiz Ralph Beistline.
Conflito
A presença de ursos polares em locais habitados por humanos está cada vez mais frequente no Alasca. Isso porque as mudanças climáticas estão derretendo o gelo do mar nas proximidades e levando os ursos para mais perto da terra. Moradores das vilas estão, inclusive, aproveitando a situação para guiar turistas interessados em ver um urso polar de perto. A prática tem acostumado os animais com a presença dos humanos e criado um ambiente perigoso.