Um estudo divulgado nesta terça-feira (3) mostra que o nível da água na Lagoa de Veneza, onde fica o centro histórico da cidade, pode subir até 108 centímetros até o fim do século por causa da crise climática e do abaixamento do solo terrestre.
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Esse número é quase o dobro da elevação marítima que o sistema de barreiras Mose, planejado para evitar inundações em Veneza , poderia suportar. Publicado na revista "Water", o relatório foi feito pelo Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia (INGV) da Itália e pela Universidade Radboud, dos Países Baixos.
"O resultado é importante para Veneza, que em 12 de novembro de 2019 teve a segunda maré mais alta já registrada [187 centímetros], após aquela desastrosa de 1966 [194 centímetros]. Em 2100, uma acqua alta poderia elevar o nível em até quase três metros, nos piores cenários", diz Marco Anzidei, geólogo do INGV e um dos autores do estudo.
A análise se baseia em dados fornecidos pelas estações maregráficas dos mares Adriático e Tirreno e no fenômeno da subsidência, o lento deslocamento para baixo da superfície terrestre. Esse movimento é provocado por causas naturais e pela atividade humana e tem como resultado o aumento do nível do mar .
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"No entanto, é preciso considerar que o nível marinho sempre oscilou por causas naturais e continuará fazendo isso. Estudar as causas e efeitos esperados nos próximos anos é de fundamental importância para a gestão do fenômeno", acrescenta Anzidei.
Em dezembro passado, em entrevista à ANSA , o autor do projeto do Mose, Alberto Scotti, disse que o sistema de comportas poderia suportar uma elevação marítima em função do efeito estufa de até 60 centímetros. Em construção desde 2003, as barreiras devem entrar em funcionamento para emergências a partir de 30 de junho.
O fenômeno da "acqua alta" é mais comum entre o fim do outono e o início do inverno europeu e acontece quando o nível do Mar Adriático sobe e invade as águas da lagoa, inundando o centro histórico de Veneza.
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As marés, que afetam Veneza , são influenciadas pelo ciclo lunar e por eventos meteorológicos, como tempestades e o vento de siroco, uma corrente de ar quente proveniente do deserto do Saara, mas fatores como o aquecimento global e o assoreamento do solo lagunar também contribuem para as enchentes.