O antropólogo Edward Luz foi preso neste domingo (16) ao tentar impedir uma ação de fiscalização do Ibama dentro da Terra Indígena de Ituna Itatá , localizada entre os munícipios de Altamira e Senador José Porfírio, no Pará. Os agentes do Ibama estavam realizando um procedimento de retirada de gado.
Em vídeo gravado pelo próprio Edward Luz, ele diz ao comandante da operação, Roberto Cabral, estar cumprindo uma ordem do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles .
“Estou aqui para fazer cumprir a ordem ministerial do senhor ministro Ricardo Salles, com o qual me encontrar na última terça-feira, dia 11 de fevereiro de 2020, onde estive na 4ª Câmara do Minsitério Público Federal, onde ficou acordado que nenhum patrimônio de população em situação de fragilidade seja destruído. Fui claro? Se qualquer patrimônio for destruído, o senhor responsável responderá criminalmente”, diz o antropólogo ao comandante.
Depois disso, Roberto Cabral avisa Luz que ele está invadindo uma terra indígena e ordena que ele saia de lá. Diante da recusa, o agente resolve prendê-lo.
Reunião
Militante bolsonarista, Edward Luz é conhecido como “antropólogo dos ruralistas”, e foi expulso da Associação Brasileira de Antropologia (ABA) em 2013, por apresentar “postura não compatível com ética profissional", segundo informações da Folha de S.Paulo.
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Luz é próximo do senador Zequinha Marinho (PSC-PA), e os dois participaram de uma reunião, realizada na última terça-feira, na qual foi firmado um acordo sobre as fiscalizações na região da Terra Indígena Ituna-Itatá. O encontro contou com políticos, representantes do MPF e o ministro Ricardo Salles, que disse, em entrevista à TV Globo, não conhecer o antropólogo até então.
Zona de conflito
A Terra Indígena de Ituna Itatá ainda não foi demarcada, mas conta com proteção em razão da provável presença de indígenas isolados. O local é palco de muitos conflitos com ruralistas, fruto da fiscalização do Ibama contra invasões e desmatamentos.
Ituna Itatá teve mais de mil hectares de floresta desmatados apenas em janeiro de 2020,segundo dados do Ministério Publico Federal (MPF) .No ano passada, a TI foi a mais desmatada do Brasil, correspondendo a 13% do total da devastação no país. De acordo com o MPF, as terras já foram apossadas por grileiros que as utilizam para criação ilegal de gado.