Líderes indígenas do Brasil entregaram nesta segunda-feira (3) uma carta ao primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson , com críticas direcionadas ao governo Bolsonaro e um pedido de ajuda para defender a Amazônia . Raoni Metuktire, Davi Yanomami, Megaron Txucarramãe e Dário Yanomami foram os responsáveis por transmitir a mensagem durante passagem pela Inglaterra .
A busca por apoio do Reino Unido se deve ao fato de que a próxima edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 26) será realizada na Escócia, em novembro. Os líderes pedem que Boris Johnson se comprometa a ratificar a Convenção 169 da OIT, lei internacional que defende o direito dos povos indígenas serem consultados sobre a realização de projetos em suas terras.
“Esta é uma oportunidade para colocar os povos indígenas no centro do debate e reconhecer o nosso papel fundamental na proteção de algumas das regiões mais biodiversas e ameaçadas do mundo, para o bem da humanidade. Acreditamos que a forma mais eficiente, justa e barata de preservar essas áreas é tendo o reconhecimento internacional dos nossos direitos coletivos à terra e trabalhando conosco para preservar a biodiversidade”, diz um trecho do texto.
"Discurso racista" de Bolsonaro
A carta começa com críticas contundentes ao presidente Jair Bolsonaro. “Nós, indígenas do Brasil, viajamos à Inglaterra para condenar as tentativas do nosso presidente de destruir as nossas terras e nossas vidas. Temos uma mensagem para lhe entregar”.
No segundo parágrafo, os indígenas atribuem a Bolsonaro um “discurso racista” que incentiva uma série de ações nocivas aos territórios indígenas. Em entrevista recente, o presidente afirmou que "cada vez mais, o índio é um ser humano igual a nós", durante transmissão pelas redes sociais.
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“O discurso racista do presidente Jair Bolsonaro está encorajando invasões em nossos territórios, o roubo dos nossos recursos naturais e a violência contra as nossas comunidades. Os ataques e as invasões aumentaram drasticamente desde que ele tomou posse, há pouco mais de um ano”, afirmam.
Mineração
O texto também fala sobre o projeto do governo brasileiro de liberar a atividades de mineração em Terras Indígenas, antes de fazer um apelo. “O Reino Unido é o centro global da indústria de mineração e o segundo maior importador de ouro do Brasil. Nós pedimos a vocês que garantam que nenhuma quantidade de ouro, outros minerais ou de produtos agrícolas de nossas terras cheguem ao Reino Unido”