Terras indígenas são essenciais para o equilíbrio do clima na Amazônia
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Terras indígenas são essenciais para o equilíbrio do clima na Amazônia


A preservação das terras indígenas (Tis) e áreas naturais protegidas (ANPS) é essencial para evitar o aumento das emissões de carbono na Amazônia , conforme alerta um estudo internacional  publicado nesta segunda-feira (27), pela revista Proceedings of The National Academy of Science . A pesquisa constatou que as TIs e ANPs, mesmo vulneráveis à degradação, emitem menos CO2 do que regiões sem proteção.

“Nosso trabalho mostra que as florestas sob a proteção de povos indígenas e comunidades locais continuam a ter melhores resultados no balanço de carbono do que as terras sem proteção. Isso significa que, o que o papel dessas populações é crítico e deve ser fortalecido para que os países da bacia amazônica consigam manter esse recurso globalmente importante, enquanto cumpre seus compromissos no Acordo de Paris”, disse Wayne Walker, cientista associado do Wood Hole Research Center (WHRC) e primeiro autor do artigo, em entrevista divulgada via assessoria de imprensa.

Além do WHCR, o estudo teve participação de cientistas, especialistas em política e líderes indígenas da Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (COICA), da Rede Amazônica de Informação Socioambiental (RAISG) e do Fundo de Defesa Ambiental (EDF) e do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM).

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Mais árvores

Nas regiões com proteção, o crescimento da vegetação florestal, com a expansão das árvores, compensa a liberação de carbono resultantes da degradação, causada por atividades como a extração seletiva de madeira.  Segundo o estudo, 90% da variação líquida das perdas de carbono têm origem em áreas desprotegidas.

Terrenos fora de TIs e ANPs foram responsáveis ​​por cerca de 70% das perdas totais. Por outro lado, TIs e ANPs representaram apenas 10% da variação líquida, com 86% das perdas nessas terras compensadas pelos ganhos com o aumento da floresta.

As terras indígenas correspondem a 30% do território da Amazônia e são detentoras de 34% do seu carbono. Quando a soma inclui as áreas naturais protegidas, a ocupação é de 52% da região, enquanto o armazenamento de CO2 é de 58%. Ou seja, preservar esses locais é um passo importante para, ao menos, evitar que as emissões aumentem.

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Questão política

Uma das principais barreiras para fazer essa proteção, segundo o estudo, é a postura adotada pelo governo em relação às terras indígenas, como o projeto articulado por Bolsonaro para permitir o garimpo e outros tipos de exploração nessas áreas. Por isso, o objetivo é utilizar os resultados como um alerta para a situação de risco de povo indígenas.

“A pesquisa revela o que os povos indígenas da Amazônia já estão relatando aos seus líderes.Os governos estão enfraquecendo a proteção ambiental, violando os direitos às TIs existentes e incentivando a impunidade legal. A situação está colocando em risco a existência de nossos povos e territórios, que contêm as florestas mais densas em carbono do mundo”, disse Tuntiak Katan, um dos autores e vice-coordenador da COICA.

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