Óleo pode chegar à Região dos Lagos nas próximas semanas, diz especialista

Resíduo deve atingir cidades de Cabo Frio, Búzios e Arraial do Cabo. Correntes marítimas, porém, evitariam contaminação no Rio de Janeiro

Foto: Divulgação/Defesa Civil Quissamã
Fragmentos de óleo foram encontrados, no domingo, em praia do município de Quissamã, no Norte Fluminense

O avanço da mancha de óleo no litoral do Estado do Rio já deixa vários municípios em alerta. Depois de resíduos terem sido encontrados, na última sexta-feira (22), na Praia de Grussaí, em São João da Barra , a Marinha recolheu no domingo (24) fragmentos em outras três cidades do Norte Fluminense . Foram localizadas pequenas amostras em São Francisco de Itabapoana (nas praias de Santa Clara e Guriri) e Macaé (Praia do Barreto), e um quilo em Quissamã (no Canal das Flechas). Segundo o oceanógrafo David Zee, da Uerj, a Região dos Lagos pode ser atingida nas próximas semanas.

No sábado (23), o Ibama confirmou que o óleo — cerca de 300 gramas — encontrado na Praia de Grussaí, em São João da Barra, é o mesmo que vem se espalhando no litoral do Nordeste desde o fim de agosto. A limpeza foi feita anteontem. Já os materiais coletados nos outros municípios fluminenses, conforme a Marinha, serão encaminhados ao Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM) para análise e investigação da origem. "O material é tóxico e não deve ser manuseado ou tocado sem as devidas proteções", alerta o comandante da Defesa Civil de Quissamã, Marcos Alves.

David Zee, que já havia alertado sobre o risco de o óleo chegar ao Norte Fluminense em reportagem ao jornal O Dia , no mês passado, estima que há risco de Cabo Frio, Búzios e Arraial do Cabo serem atingidos até 15 de dezembro. A Costa Verde e a capital, segundo ele, não devem ser afetadas.

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"O litoral brasileiro faz o sentido Norte-Sul até Cabo Frio, Arraial e Búzios. Depois, muda para Leste-Oeste. Então, até nesses três municípios existe a possibilidade de chegar. Isso está acontecendo na porta do verão e pode prejudicar a pesca e o turismo. Além do mais há substâncias cancerígenas no petróleo. Mas as correntes não ajudam a empurrar o óleo para Saquarema, Araruama, Rio, Baía de Ilha Grande e Sepetiba", avisa Zee.

Registros em 772 localidades

De acordo com a Marinha e o Ibama , 772 localidades em 11 Estados foram atingidas pelo óleo. Estão com as praias limpas os Estados do Rio, Espírito Santo, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Sergipe. Permanecem com vestígios de óleo: Araioses, no Maranhão; Barreiros, em Pernambuco; Japaratinga, Barra de São Miguel, Feliz Deserto, Maragogi e Roteiro, em Alagoas; e Cairu, na Bahia. A 2ª Promotoria de Justiça de São João da Barra instaurou, na quinta-feira, procedimento administrativo para acompanhar o avanço da mancha. O governo federal não concluiu as investigações sobre a origem do óleo. 

União de esforços para prevenção

Um grupo de trabalho coordenado pelo governador Wilson Witzel  (PSC) se reuniu, anteontem, na Capitania dos Portos de Macaé com a Marinha, o Exército, o Corpo de Bombeiros e autoridades dos municípios. "Intensificamos o monitoramento e estamos capacitando os municípios para que possamos atuar de forma imediata e trabalhar em ações de pronta resposta", destacou a secretária de Estado do Ambiente e Sustentabilidade, Ana Lúcia Santoro. "Os fragmentos estão chegando muito levemente. Tudo parece crer que teremos um impacto menor na Região Sudeste, mas estamos preparados para qualquer situação. Contingente e meios não vão faltar. Não há motivos para alarde", disse o comandante do 1º Distrito Naval, Flávio Augusto Viana Rocha.

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Na quinta-feira, guardas municipais do Rio fizeram treinamento no Inea, em Niterói, para atuarem na retirada de óleo caso apareçam resíduos na orla. A capacitação contou com 46 agentes de vários órgãos de Araruama, Duque de Caxias, Guapimirim, Maricá e Niterói.