Navio acusado de derramar óleo na costa brasileira está ancorado na Nigéria
A Polícia Federal já acionou a Interpol para localizar comandante e dirigentes da empresa grega Delta Tankers, proprietária do navio mercante Bouboulina
O navio mercante de origem grega Boubolina , de propriedade da empresa Delta Tankers LTD e suspeito de derramamento de óleo no maior desastre ambiental em praias brasileiras, está ancorado num porto da Nigéria, segundo informou a Polícia Federal nesta sexta-feira (1°).
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Os investigadores do caso já acionaram a Interpol (Polícia Internacional) para identificar e cobrar explicações do comandante do navio e dos dirigentes da empresa proprietária da embarcação. Não está claro se na solicitação da polícia por mais dados estão incluídos pedidos para interrogatórios e outras medidas mais duras como prisões.
As investigações estão sendo conduzidas pela Polícia Federal com o apoio da Marinha e outras instituições. Mas a descoberta da mancha original coube à uma empresa privada. Especializada em georreferenciamento, a empresa obteve e repassou a Polícia Federal 830 imagens produzidas no local. As imagens, com data e horário, permitiram à polícia e, depois a Marinha, identificar a primeira mancha do óleo derramado e estabelecer o momento provável do crime. O vazamento teria ocorrido entre os dias 28 e 29 de julho.
O comandante e a empresa estão sendo investigados por pelo menos três tipos de crime : poluir meio ambiente, não adotar medidas preventivas para evitar danos ambientais e, por último, não comunicar às autoridades competentes o derramamento de óleo na costa brasileira. Para a polícia, são fortes os indícios de materialidade e autoria, ou seja, já se sabe da prática do crime e quem são seus autores. Falta esclarecer agora as circunstâncias. Ou seja, a polícia precisa identificar se o vazamento foi intencional ou acidental.
"Não sabemos ainda se o crime foi doloso (intencional) ou culposo (não intencional. Tem indícios suficientes de autoria, da empresa e do navio. Em crimes ambientais empresas são indiciadas. As empresas também são acusadas de crime ambiental. Não só para a pessoa do comandante e a tripulação, mas também a empresas", disse o delegado Agostinho Cascardo, numa entrevista coletiva em Natal.
O navio grego tem capacidade para transportar 80 mil toneladas de petróleo. O óleo teria sido derramado num ponto a 730 quilômetros da costa da Paraíba. O navio teria saído da Venezuela com destino a Cingapura e, em seguida, à África do Sul. Depois desta primeira etapa da viagem, estaria ancorado num porto da Nigéria . Segundo Cascardo, o derramamento de óleo é considerado pequeno em relação a carga do navio.
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"O que chegou à costa brasileira é uma fração. O que mostra que foi um pequeno vazamento ou um descarte intencional", afirma o delegado.
A Polícia Federal fez imagens das manchas de óleo e repassou os dados da Polícia Federal. Depois de uma primeira checagem das informações, a polícia encaminhou o material a Marinha. A partir daí, a Marinha fez um rastreamento e identificou o navio que passou pelo local do crime, nos momentos indicados pelas imagens. A empresa privada forneceu as fotos e alguns dados adicionais por iniciativa própria e sem cobrar qualquer valor da polícia pelo serviço.