Amazônia completa terceiro mês seguido de desmatamento recorde
Até junho de 2019, nunca o desmate mensal detectado pelo Deter havia superado 1.025 km2; desde então, varia entre 1.000 km2 e 2.500 km2
A área de alertas de desmatamento
na Amazônia
cresceu 95,8% em setembro em relação ao mesmo mês do ano anterior. Segundo dados do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais ( Inpe
), foram ceifados 1.447 km 2
de floresta no mês passado, contra 739 km 2
em setembro de 2018.
Esse foi o terceiro mês consecutivo em que a área de alertas de desmatamento detectada pelo sistema de monitoramento por satélite foi maior do que em qualquer outro mês de qualquer outro ano desde que a versão atual do Deter (o Deter-B) entrou em operação, em 2015.
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Até junho deste ano, o desmatamento mensal detectado pelo Deter jamais havia ultrapassado 1.025 km 2 , variando nos meses de “verão” amazônico (a estação seca) entre 200 km 2 e 1.000 km 2 . A partir de junho de 2019, ele passou a variar entre 1.000 km 2 e 2.500 km 2 . Os números de julho, agosto e setembro são, respectivamente, 149%, 66% e 41% maiores do que o pior mês da série do Deter-B até então.
O desmatamento
na Amazônia
é medido sempre entre julho de um ano e agosto do ano seguinte. Esse é o chamado “período Prodes”, que é reportado todos os anos pelo sistema do Inpe que dá a taxa oficial de desmatamento. Entre agosto de 2018 (época da campanha presidencial) e julho deste ano, meses que formam a série de dados de 2019, o desmatamento acumulado nos alertas do Deter foi de 6.841 km 2
. A cifra é 49% maior que no ano anterior e a maior desde 2015/2016.
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Fator chuva
Apenas em agosto e setembro desde ano, primeiros dois meses da série de 2020, a área de alertas de desmatamento já corresponde a 47% de tudo o que foi cortado em 12 meses do ano anterior. A devastação costuma arrefecer após outubro, quando começa a estação chuvosa na Amazônia .
A alta do desmatamento ainda precisa ser confirmada pelo Prodes, que em tese deveria ser divulgado no final do ano. O Deter não é feito para calcular área desmatada , já que ele usa satélites de menor resolução (mais “míopes”) que os usados pelo Prodes. Ou seja, a área da taxa oficial tende a ser ainda maior.
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As queimadas na Amazônia , que explodiram em agosto e se transformaram numa crise global , derivam diretamente desse aumento do desmatamento, notado a partir de maio pelos satélites. No fim de agosto o governo mandou o Exército à Amazônia para reprimir as queimadas, mas a ação não teve impacto no desmatamento, que seguiu fora de controle em setembro.
A falta de ação contra o desmatamento fez a França e a Irlanda declararem oposição ao tratado de livre-comércio entre a União Europeia e o Mercosul, e também causou o boicote de empresas como a Timberland ao couro brasileiro.