Pesquisa britânica que contou com cientistas brasileiros analisou as reações de 20 cabras e bodes às fotos de pessoas com diferentes expressões no rosto
Os animais de fazenda são capazes de reagir às atitudes humanas com alguns comportamentos já conhecidos, como medo, indiferença e, às vezes, hostilidade. Contudo, de acordo com o portal Daily Mail , alguns deles também conseguem identificar – e gostar – quando estamos felizes e sorrindo. É o caso das cabras, por exemplo.
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Pesquisadores da Universidade Queen Mary, em Londres, e também da Universidade de São Paulo (USP) realizaram uma pesquisa com 20 cabras . Foram mostradas fotos das mesmas pessoas tristes e felizes para os animais, que passaram 50% mais tempo observando as imagens que continham sorrisos.
Assim, os cientistas sugeriram que um bode ou uma cabra podem ter características parecidas com as de um cachorro, tendo em vista que os cães são muito conhecidos por reagir às atitudes humanas. A habilidade de ler as expressões muito provavelmente é uma das consequências destes mamíferos terem sido domesticados, mantidos em zoológicos ou como animais leiteiros.
“O estudo tem implicações importantes sobre como nós interagimos com os animais de fazenda, porque as habilidades destas espécies de perceber as emoções humanas podem ser muito difundidas, e não apenas limitada aos animais domésticos ”, explicou Alan McElligott, que liderou a pesquisa publicada na revista Royal Society Open Science .
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"Estudos de percepção de emoções" em animais além das cabras
Segundo a BBC News , a coautora do estudo Natalia Albuquerque, da Universidade de São Paulo (USP), disse que estudos semelhantes, chamados de "estudos de percepção de emoções", já foram responsáveis por mostrar as muito complexas habilidades de cachorros e cavalos.
"Contudo, não havia nenhuma evidência de que animais como bodes seriam capazes de ler as expressões faciais humanas. Nossos resultados abrem novos caminhos para entender as vidas emocionais de todos os animais domésticos", detalhou Albuquerque, que realizou a pesquisa junto de britânicos e da também brasileira Carine Savalli.
“Este estudo traz a primeira evidência da presença de uma habilidade cognitiva bastante complexa em bodes, sendo importante, portanto, que mais estudos sejam conduzidos, com amostras diferentes em condições diferentes, para reforçar os achados”, afirmou Savalli para o Jornal da USP.
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Agora, os envolvidos no projeto planejam a realização de novos experimentos para compreender o alcance de tal capacidade. Além disso, eles também esperam encontrar a origem evolutiva da capacidade de cabras para reconhecer expressões humanas.