Imagem retrata neandertais em exposição em museu da Croácia
Nikola/Divulgação
Imagem retrata neandertais em exposição em museu da Croácia


A descoberta de vestígios de três vírus antigos nos ossos de Neandertais de 50.000 anos trouxe novas perspectivas para a ciência. Liderada pelo Prof. Dr. Marcelo Briones do Centro de Bioinformática Médica da Unifesp, a pesquisa identificou adenovírus, herpesvírus e papilomavírus em esqueletos encontrados na Caverna Chagyrskaya, na Rússia.

Publicada na New Scientist, a pesquisa revela os vírus humanos mais antigos já descobertos, superando um achado anterior de um vírus de 31.000 anos.

Tipos de vírus identificados

Os três vírus encontrados apresentam características familiares:

  • Adenovírus: Conhecido por causar sintomas de resfriado.
  • Herpesvírus: Responsável pelo herpes labial.
  • Papilomavírus: Associado a verrugas genitais e câncer.
  • Metodologia Avançada
  • Utilizando técnicas de bioinformática avançadas, a equipe de Briones, incluindo a bióloga Renata Carmona e o matemático Fernando Antoneli, garantiu a integridade dos dados, descartando contaminação moderna. Esta abordagem meticulosa confirma que os vírus realmente infectaram os Neandertais.

Implicações históricas e médicas

A presença desses vírus antigos oferece uma visão das doenças que podem ter impactado os Neandertais.

Além disso, sugere a possibilidade de que infecções virais tenham contribuído para a extinção dessa espécie. No entanto, mais provas são necessárias para confirmar essa hipótese.

Desafios na recriação dos vírus

Recriar esses vírus em laboratório apresenta desafios significativos devido à degradação do DNA viral. Sally Wasef, da Universidade de Tecnologia de Queensland, aponta a dificuldade de reconstruir genomas completos a partir de fragmentos recuperados.

Apesar disso, a infecção cruzada entre diferentes espécies de primatas sugere que a infecção de células atuais com vírus de Neandertais seja viável.

“Esta descoberta não só expande nosso entendimento da evolução viral e das doenças ao longo da história humana, mas também pode abrir caminhos para o desenvolvimento de novas abordagens médicas, especialmente no que diz respeito a vacinas e tratamentos antivirais",  explica o Briones, ressaltando a importância da descoberta.

"Conforme o campo da virologia antiga se expande, espera-se que mais revelações sobre doenças do passado ajudem a informar nossa compreensão das doenças modernas e a melhorar nossa capacidade de combatê-las”, conclui.

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