Nesta terça-feira (17), ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) , o cientista Ricardo Galvão vai assumir como novo presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico ( CNPq ). O anúncio formal será feito pela ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos , em cerimônia em Brasília (DF), nesta terça-feira (17).
Galvão vai coordenar a área de financiamento de bolsas de pesquisa para estudantes de graduação e pós-graduação, que estão sem reajuste desde 2013.
O pesquisador ocupou a diretoria do Inpe entre 2016 e 2019, quando foi exonerado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) após divulgar dados sobre o desmatamento na Floresta Amazônica . Ele trabalhava no instituto desde 1970.
À época, o ex-presidente acusou o Inpe de mentir sobre os dados que indicavam um crescimento do desmatamento na Amazônia .
Ricardo Galvão é professor titular do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP) e, em 2019, foi colocado em primeiro lugar em uma lista das dez pessoas mais importantes para a ciência.
Em 2021, ele recebeu o Prêmio da Liberdade e Responsabilidade Científica da Associação Americana para o Avanço da Ciência.
Exonerado do Inpe
Após Bolsonaro fazer críticas sobre os dados divulgados pelo Inpe relacionados ao desmatamento, Galvão afirmou, em agosto de 2019, que seria demitido .
A polêmica foi iniciada ainda em julho daquele ano, quando Bolsonaro acusou o Inpe de mentir sobre dados que mostravam o aumento do desmatamento no país, e de estar "agindo a serviço de alguma ONG"
.
Em conversa com a imprensa, à época, Bolsonaro disse que a divulgação de dados sobre desmatamento no Brasil pode deixar o país em uma situação complicada
. "Um dado desse aí, da maneira de divulgar, prejudica a gente", afirmou.
Logo depois, o então diretor do Inpe rebateu , dizendo que o Bolsonaro não podia falar em público "como se estivesse em uma conversa de botequim".
"O presidente não tem noção da respeitabilidade que os dados do Inpe e que os pesquisadores do Inpe têm. É uma ofensa o que ele fez. Eu espero que ele me chame a Brasília para eu explicar o dado e que ele tenha coragem de repetir, olhando frente a frente, nos meus olhos", afirmou Galvão.
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