A onda de frio que atingiu o Brasil nesta semana provocou a ocorrência de quatro fenômenos característicos do inverno nas regiões Sul, Sudeste e até mesmo Centro-Oeste, de forma pontual: neve, chuva congelada, geada e sincelo. Os eventos são semelhantes em diversos aspectos e podem ser facilmente confundidos entre si. Por isso, o iG
conversou com o meteorologista Caetano Mancini, do Tempo Ok, para entender as diferenças entre cada um deles. Veja:
Neve
Segundo Mancini, a neve ocorre quando a temperatura desde o interior da nuvem até o solo é igual ou menor a 0º C. Mas, para além das baixas temperaturas, também é preciso que a atmosfera esteja bastante úmida.
"Cada precipitação invernal tem suas próprias características e aparência que as difere das demais. A neve, por exemplo, tem formato de cristal de gelo, que são os chamados flocos de neve", afirma.
Pelo menos sete municípios do sul do país registraram neve na madrugada de quarta-feira (18): São José dos Ausentes e Cambará do Sul, no Rio Grande do Sul; e Urupema, São Joaquim e Urubici, em Santa Catarina. O recorde negativo ficou com São José dos Ausentes. A cidade registrou –2º C nos termômetros e sensação térmica de –20º C.
Chuva congelada
De acordo com o meteorologista, as condições para a ocorrência de neve e chuva congeladas são parecidas. Mas, para que haja chuva congelada, é preciso que a temperatura do ar entre a nuvem e o solo esteja um pouco mais alta — ou, melhor, um pouco menos baixa.
"Com isso, os flocos de neve derretem, viram gota de água e, depois, ao entrar em contato com uma camada de ar mais fria novamente, congelam. Por isso, a chuva congelada tem aparência de pedra de gelo", diz.
A primeira chuva congelada do ano foi registrada na madrugada de segunda-feira (16), em São Joaquim, Santa Catarina. No dia seguinte, o fenômeno também pôde ser observado em São José dos Ausentes e Gambará do Sul, ambos no Rio Grande do Sul. Já na madrugada de quarta-feira, a chuva congelada deu as caras ainda em São Francisco de Paula, também no estado gaúcho.
Geada
A geada, por sua vez, é bastante diferente tanto da neve quanto da chuva congelada. Isso porque, segundo Mancini, ela não é uma precipitação — isto é, não consiste em um fenômeno relacionado à queda de água do céu. Trata-se de um fenômeno que resulta na formação de uma camada de cristais de gelo sobre plantas e outras superfícies.
"A geada ocorre quando a umidade do ar atinge 100%, provocando o orvalho, somado a temperaturas de 4º C ou menos. Nessas condições, o orvalho congela na superfície das plantas e objetos, dando um aspecto de superfície branca", afirma.
A geada foi registrada em diversas cidades de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul nos últimos dias. Na madrugada de terça-feira (17), o fenômeno também pôde ser observado em uma área pontual de cana-de-açúcar na cidade de Rio Brilhante, no Mato Grosso do Sul.
Sincelo
Por último, o sincelo é bastante parecido com a geada — uma vez que, para a ocorrência do fenômeno, também é preciso de 100% de umidade e formação de orvalho, resultando no congelamento de gotas sobre superfícies. Mas, para que haja o sincelo, são necessárias duas condições específicas, de acordo com o meteorologista: nevoeiro e temperaturas negativas, algo entre –2º e –8º C.
"Nevoeiro é o que chamamos de uma 'nuvem baixa'. Uma nuvem que ocorre muito próxima à superfície da terra, e normalmente nas primeiras horas do dia. Devido ao nevoeiro, o sincelo tem um aspecto de 'congelamento móvel'. Como se tivesse passado um vento e deixado um rastro, por assim dizer", diz.
Mais raro do que a geada no Brasil, onde as temperaturas dificilmente vão abaixo de zero, o sincelo foi registrado em cidades como Urupema e Bom Jardim da Serra, em Santa Catarina. Nesta última, os termômetros chegaram a marcar –2,4º C durante a madrugada de terça-feira.
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