Comissão rejeita proposta japonesa de liberar a caça comercial de baleias

Reunião que acontece em Florianópolis, capital de Santa Catarina, teve 41 votos contrários ao projeto, apoiado por países como a Noruega e a Islândia

O Japão tentou aprovar o fim da proibição da caça de baleias, contudo, a maioria dos países rejeitou o projeto
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O Japão tentou aprovar o fim da proibição da caça de baleias, contudo, a maioria dos países rejeitou o projeto

Membros da Comissão Baleeira Internacional (IWC), que termina hoje em Florianópolis, capital de Santa Catarina, decidiram manter a proibição da caça de baleias. De acordo com informações da CNN , a proposta de liberação foi apresentada pelo Japão e apoiada por outros 26 países, enquanto 41 votaram contra o fim do veto, entre eles o Brasil, Argentina e Estados Unidos, e dois se abstiveram.

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A votação aconteceu durante a 67ª reunião da IWC, que neste ano é sediada no Brasil e que discute uma série de questões sobre a preservação dos cetáceos. “A ciência é clara: existem certas espécies de baleia cuja população é saudável o suficiente para ser caçada de maneira sustentável”, argumentou a proposta japonesa pela liberação da caça de baleias .

A ideia foi apoiada por países como a Noruega e a Islândia, que defendem uma “coexistência” entre a caça comercial e a conservação das espécies. Contudo, ambientalistas se posicionaram contra a proposta e a favor da manutenção do veto, que há anos tem sido questionado por nações onde o abate de baleias é uma tradição.

“No lugar da arcaica e completamente desnecessária caça, a proteção, paz e uso puramente não letal de baleias, que inclui a observação delas, devem ser o foco de nossos esforços”, declarou Nicolas Entrup, da ONG OceanCare . “Essa decisão é um manifesta por uma coexistência pacífica entre baleias e humanos”.

Para Patrick Ramage, diretor do programa de baleias do Fundo Internacional para o Bem-Estar Animal, essa decisão foi “uma grande vitória para os animais”.

A votação aconteceu após a aprovação da Declaração de Florianópolis, que avaliada na última quinta-feira (13), foi aprovada e garantiu a moratória a este tipo de atividade comercial. Contudo, como o Japão pediu pela análise de sua proposta, os países votaram hoje já com a expectativa de não aprovar o projeto.

Comissão proíbe caça de baleias e rejeita criação de santuário

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A mesma comissão que rejeitou a caça de baleias também recusou a proposta de criação de um santuário no Atlântico

Por mais que a decisão desta sexta-feira tenha sido comemorada, ambientalistas também criticaram outras decisões da Comissão. A criação de um santuário de baleias no oceano Atlântico sul , por exemplo, foi rejeitada por 25 nações nessa terça-feira (11).

O principal objetivo da criação de um santuário de baleias na região é aumentar os indivíduos das espécies nativas, tendo em vista que uma área de preservação as protegeria da severa exploração de navios estrangeiros. Além disso, a IWC também ressaltou a importância do santuário para facilitar pesquisas científicas “que não sejam letais e extrativistas”.

O primeiro país a propor o santuário foi o Brasil, que há 20 anos tenta ganhar aceitação para implementar a medida. Argentina, Gabão e África do Sul apoiaram o projeto, que foi votado durante a 67ª Comissão Baleeira Internacional , acontecendo neste ano justamente em território brasileiro.

A proposta precisava do apoio de 75% dos 89 países que fazem parte da comissão, contudo, só conseguiu 39 votos a favor, com membros como o Japão, Noruega e Rússia, além de outros 22, que se posicionaram contra a medida. Também foram computadas três abstenções.

“Queremos continuar essa batalha, essa luta, porque entendemos que estamos no caminho certo”, declarou o ministro brasileiro Edson Duarte. “Como ministro do Meio Ambiente em um país com 20% da biodiversidade mundial em suas florestas, nos sentimos altamente responsáveis pela administração de nossa riqueza, para o mundo inteiro, e isso também vale para os cetáceos ".

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A decisão sobre a  caça de baleias  e sobre a criação de santuários foram realizadas em votações distintas durante as reuniões.