Uma crise de proporções cósmicas está se formando: o universo está se expandindo 9% mais rápido do que deveria e os cientistas ainda não sabem o motivo da mudança. A estimativa mais recente da taxa de expansão do universo – valor conhecido como a constante de Hubble – vem de observações da missão Gaia da Agência Espacial Europeia (ESA), que está conduzindo um estudo tridimensional sobre a Via Láctea.
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De acordo com o The Guardian , os dados permitiram que a taxa de expansão fosse fixada em uma porcentagem contraditória à medida independente da constante de Hubble, que se baseia na observação da luz liberada logo após o Big Bang. Em suma, os cientistas evidenciaram que o universo está em uma constante de 73, ou seja, as galáxias estão se afastando do planeta Terra 73 quilômetros por segundo mais rápido para cada megaparsec adicional – igual a 3,3 milhões de anos-luz – de distância entre a Via Láctea e essas galáxias.
Ok, mas como interpretamos essa notícia? Segundo a ESA expôs, a descoberta é preocupante, uma vez que a constante de Hubble é considerada como o número mais fundamental na cosmologia. Com isso, até então, os estudiosos utilizavam um modelo computacional que descreve a idade e a forma do universo, além das leis da física, a fim de prever a velocidade com que ele deveria estar se expandindo hoje. O obtido anteriormente foi de 67 para a constante de Hubble.
"O fato de tudo o que existe estar se ampliando é realmente uma das formas mais poderosas que temos para determinar a composição, idade e destino do universo. A constante de Hubble quantifica tudo isso em um único número", explica Adam Riess, professor do Space Telescope Science Institute de Baltimore.
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O surgimento da nova física do universo
Pouco tempo atrás a equipe responsável pela pesquisa esperava que, à medida que as constantes se tornassem mais precisas, a defasagem fosse diminuída. Isso porque eles acreditavam que o ‘gráfico da evolução cósmica’ tinha o dado correto, e as medições conquistadas com a observação das agências espaciais serviriam somente para confirmá-lo.
Entretanto, a diferença entre a análise de gráfico e o observado em missões vem crescendo, e o cálculo atual dá a chance de apenas 1 em 7 mil de a discrepância ser reduzida. “Se isso continuar podemos estar lidando com o que chamamos de nova física do universo", ressaltou Riess.
A proposta apresentada pelo autor da pesquisa é de que a energia escura, que pode estar acelerando a expansão, está se tornando mais potente, e que uma quarta variedade de neutrino, ainda não observada, esteja distorcendo os cálculos.
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A crise na cosmologia, como foi descrita na reunião da American Physical Society no mês passado, poderá em breve ser resolvida através de novas medições da constante de Hubble, baseada em observações de ondas gravitacionais pela colaboração do Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferômetro Laser (Ligo). Para o professor de cosmologia da Universidade de Edimburgo, John Peacock, “nos próximos cinco anos provavelmente os dados sobre o universo serão definidos”.