De acordo com documentos concedidos ao The Washington Post , a administração de Donald Trump está desenvolvendo projetos que visam privatizar a Estação Espacial Internacional (ISS), transformando-a numa espécie de empreendimento imobiliário em órbita. Com isso, a Casa Branca encerrará o financiamento do laboratório em órbita até 2024, dando fim ao apoio federal direto.
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Embora o plano de Trump não estime "desorbitar" a estação espacial, o relatório elaborado pela Agência Espacial Norte-Americana (Nasa) indica que “é possível que o setor privado opere certos elementos e capacidades da ISS como parte de uma futura plataforma comercial”.
A agência ainda informou que pretende expandir as parcerias internacionais e comerciais ao longo dos próximos sete anos, a fim de garantir o acesso contínuo e a presença humana na baixa órbita terrestre dirigida pela Boeing.
Proposta
Em seu pedido de orçamento, que será divulgado ainda nesta segunda-feira (12), o governo deve solicitar aproximadamente R$ 490 milhões "para viabilizar o desenvolvimento e a maturação de entidades e capacidades comerciais que irão garantir que os sucessores comerciais da ISS – potencialmente incluindo elementos da ISS – estejam operacionais quando se tornarem necessários".
Vale mencionar que a ideia de parar o financiamento não é uma novidade, já que na última semana, o ex-astronauta Mark Kelly pareceu dar pistas sobre a proposta iminente em um editorial do The New York Times , onde descreveu ‘uma recente alta na atividade comercial da estação’.
Kelly afirmou não saber ao certo o motivo do corte, embora esteja ciente da estratégia do presidente dos Estados Unidos em priorizar viagens humanas para a Lua. "Reduzir o financiamento para a estação, agora entre R$ 9 bilhões, seria um retrocesso e não ajudaria na conquista de interesses do país”, acrescentou.
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Desde a aposentadoria do ônibus espacial, em 2011, os EUA não têm meios para entregar ou retornar astronautas para a estação, contando somente com os foguetes da russa Soyuz.
Oposição
O plano de privatização da estação espacial enfrenta forte oposição, uma vez que os EUA já gastaram cerca de R$ 329 bilhões para a construção e operação da mesma. Na semana passada, o senador republicano Ted Cruz alegou que ‘notícias recentes sobre a decisão da Nasa em deixar de financiar a estação se mostram tão sem fundamento quanto o Pé Grande’.
“Como conservador fiscal, você sabe que uma das maiores burrices que se pode fazer é cancelar programas após investir bilhões, ainda mais se há uma vida útil pela frente”, ressaltou.
Atualmente, a Nasa está avaliando a possibilidade de a vida da ISS ser prolongada até 2028. Entretanto, há receio de quem poderia se interessar em assumir a responsabilidade por ela.
Segundo o vice-presidente de sistemas espaciais da Associação de Indústria Aeroespaciais, o plano se pode ser problemático na visão de parceiros internacionais. “Será muito difícil transformar a ISS em um empreendimento comercial, devido aos acordos internacionais em que os EUA estão envolvidos. A estação sempre será uma estrutura que requer cooperação multinacional”.
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No momento, o documento interno da Nasa não oferece detalhes concretos sobre como funcionará o processo de privatização, entretanto, a Casa Branca afirma que, como parte dos preparativos para uma estratégia de transição prevista pela administração de Trump, precisará de análises mais aprofundadas de mercado e planos econômicos do setor comercial.