Cientistas criam "chuva de diamantes" para explicar interior de planetas gelados

Se o seu maior sonho é presenciar uma chuva de diamantes, saiba que o fenômeno existe e pode ser encontrado em planetas do nosso Sistema Solar

A chamada 'chuva de diamantes' pretende recriar as condições de planetas gelados, como Netuno
Foto: Reprodução/Greg Stewart - SLAC
A chamada 'chuva de diamantes' pretende recriar as condições de planetas gelados, como Netuno


É verdade, nós sabemos muito pouco sobre Urano e Netuno, planetas classificados como os "gigantes gelados" do nosso Sistema Solar. Entretanto, os cientistas já desenvolveram diversas teorias baseadas nas informações coletadas até agora: uma delas, inclusive, acredita que “chuvas de diamantes” são comuns nos planetas gelados. Como vamos demorar certo tempo para descobrir a verdade sobre esses corpos celestes, alguns pesquisadores resolveram recriar tal fenômeno com as próprias mãos.

Leia também: EUA terá eclipse solar total e brasileiros poderão acompanhar parcialmente

Pesquisadores do Centro de Aceleração Linear de Stanford SLAC, na Califórnia, Estados Unidos, usaram um material plástico – chamado poliestireno – para simular o interior de Urano e Netuno, rico em metano. Juntos, o hidrogênio e carbono, componentes do plástico e do metano, podem ser transformados em diamantes em condições de alta pressão.

Para conseguir tal feito, segundo o site “Engadget”, os cientistas usaram o instrumento MEC, localizado dentro do laser de raios-x mais potente do mundo, o LSLC. Tais aparatos tornaram possível recriar as condições internas do planeta e formar as pequenas pedras brilhantes. Nos planetas, entretanto, acredita-se que o fenômeno é capaz de formar pedras de milhões de quilates, que, ao longo dos anos, “afundam” nas camadas mais profundas do astro e formam uma camada de diamante ao redor do núcleo.

“Antes deste experimento, os pesquisadores não tinham como provar que as pedras poderiam ser formadas”, explica Dominik Kraus, cientista do Helmholtz Zentrum Dresden-Rossendorf, em nota do SLAC. A descoberta ainda figura como a primeira, dentre inúmeras outras tentativas, a conseguir avaliar as reações químicas.

Leia também: Eclipse solar total: Por que olhar diretamente para o evento pode te deixar cego

O experimento a longo prazo

“Nós não podemos chegar ao interior de planetas distantes e ver o que encontramos. Tais experimentos em laboratório são um complemento às observações de telescópio e através de satélites”, explica Kraus.

Porém, além de ser um importante avanço para compreender regiões distantes do nosso Sistema Solar, a descoberta ainda pode ser usada para fins de pesquisa– na medicina, produção de equipamentos científicos e eletrônicos – e também comerciais, com sua aplicação na fabricação de joias, por exemplo.

Ademais, a descoberta do SLAC representa um passo em direção à compreensão de experimentos de fusão, nos quais o hidrogênio é combinado com hélio para gerar energia. Responsável pela energia do sol, esse processo ainda não foi realizado com o objetivo de criar espécies de “estufas” para formas vegetais na Terra, porém, com a nova descoberta sobre os diamantes, tal realidade está mais próxima do que antes.  

Leia também: Pesquisadores encontram tartaruga marinha de duas cabeças em praia nos EUA