De acordo com uma pesquisa, transtornos mentais podem estar ligados a certos genes do DNA neandertal
Creative Commons/Wikimedia
De acordo com uma pesquisa, transtornos mentais podem estar ligados a certos genes do DNA neandertal


Os cientistas do National Institute of Mental Health (NIMH), a maior organização do mundo de pesquisa especializada em saúde mental, publicaram nesta segunda-feira (24), evidências de que partes do nosso cérebro, relacionadas a transtornos mentais, podem ser influenciadas por uma “herança” genética dos nossos antepassados.

Leia também: "Dentistas neandertais" tentavam tratar dores de dente, aponta novo estudo

De acordo com o site Daily Galaxy , a presença de um gene, derivado dos neandertais, em nosso DNA pode ser a herança necessária para entender alguns distúrbios mentais - como a esquizofrenia e o autismo – e suas relações com outras funções cerebrais, como a visão. 

A pesquisadora Karen Berman, envolvida no estudo, contou ao site que os neandertais dependiam de habilidades visuais – em detrimento do desenvolvimento social – para a sobrevivência, e que tal aspecto pode ainda estar presente no genoma de alguns seres humanos modernos.

Assim, algumas características de isolamento social, presente em certos transtornos, estariam ligadas ao super-desenvolvimento de habilidades visuais – e o contrário também seria possível.

Tal descoberta complementa outros estudos, como em 2012, quando Berman participou de uma pesquisa que relacionou variações genéticas com a estrutura e funções de uma área do cérebro, chamada Insula, e a Síndrome de Williams, do espectro autista.

Pessoas afetadas pela síndrome costumam ser altamente sociáveis, porém, podem apresentar uma visão prejudicada, exatamente o oposto da hipótese neandertal e da maioria dos casos de autismo. Além disso, quando o gene da síndrome foi deletado do genoma de um rato, o animal mostrou um certo aumento de ansiedade.

Mais recentemente, na semana passada, alguns pesquisadores relacionaram a mesma variante genética com a tendência sociável dos cachorros, que é muito maior nos animais domésticos do que nos lobos.

Leia também: Lesões cerebrais podem tornar as pessoas mais religiosas, diz pesquisa

As etapas da pesquisa

Os cientistas do NIHM realizaram ressonâncias magnéticas em 221 pacientes, de origem europeia, e compararam os resultados com fósseis do crânio de neandertais, extintos há 44 mil anos.

Assim, perceberam que, em algumas pessoas, as áreas cerebrais relacionadas ao uso de ferramentas, visualização e localização de objetos, contam com genes derivados do genoma dos nossos antepassados.

“Agora, nós temos uma evidência neurológica direta de que tais preferências [visuais, em detrimento das sociais] podem ainda estar ativas em nossos cérebros”, Berman explicou e acrescentou que, a partir de agora, tal "herança" abre espaço para que novas abordagens possam ser exploradas nas pesquisas e tratamentos da esquizofrenia e do distúrbios do espectro autista, dentre outros transtornos.

Leia também: Transplante de cérebro pode se tornar realidade em 2020, garante cientista

    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!