Na última sexta-feira (17), o mundo bateu um marco considerado preocupante no cenário climático: pela primeira vez, a média global de temperatura ultrapassou os 2°C de anomalia e atingiu exatos 2,07°C acima dos níveis pré-industriais (1850-1900). O valor provisório para o sábado (18) é 2,06°C.
Se a comparação for feita apenas com um período histórico mais recente, entre 1991 e 2020, a anomalia representa um aumento de 1,17°C em relação à média registrada no período mais recente.
Em 2016, quando também houve El Niño, — como ocorre agora — o mundo bateu recordes de calor, mas a anomalia da temperatura foi de 0,94°C — quase metade do que foi verificado agora.
Os marcos históricos foram divulgados pela diretora adjunta do Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas do Copernicus (C3S), Sam Burgess, e depois confirmados pelo próprio C3S.
El Niño
O calor recorde ocorre em um ano marcado pela forte ação do fenômeno El Niño e pela intensificação de efeitos das mudanças climáticas provocados pelas emissões de gases de efeito estufa (GEE), que são resultado de atividades humanas.
Meta é conter o aquecimento em 1,5ºC
O relatório recente da Organização das Nações Unidas (ONU) aponta que a probabilidade de limitar o aquecimento a 1,5°C — meta estabelecida no Acordo de Paris, em dezembro de 2015 — é de apenas 14%.
O dado consta em documento lançado dias antes da COP 28, a conferência do clima da ONU, que ocorrerá em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, de 30 de novembro a 12 de dezembro deste ano.
Outro relatório da ONU alerta que as emissões globais de gases de efeito estufa (GEE) aumentaram 1,2% de 2021 a 2022, atingindo um novo recorde de 57,4 Gigatoneladas de Dióxido de Carbono Equivalente (GtCO2e).