O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), intimou Pablo Marçal , candidato à prefeitura de São Paulo pelo PRTB, a prestar depoimento em até 24 horas devido ao uso da plataforma X durante a proibição estabelecida. A informação é do blog da Daniela Lima, do portal "g1".
Na decisão, compartilhada com a presidente do TSE, ministra Cármen Lúcia, Moraes menciona indícios de abuso de poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação. Desde que o uso da plataforma foi bloqueado, a Polícia Federal estava monitorando atividades excessivas na ferramenta, pois Moraes havia imposto multas para quem desrespeitasse a suspensão.
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Neste sábado (5), a PF informou ao STF que a conta @pablomarcal foi utilizada para realizar várias postagens, incluindo a que divulgava um laudo falso contra Guilherme Boulos (PSOL).
"A conduta de PABLO HENRIQUE COSTA MARÇAL, em tese, caracteriza abuso do poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação, representando uma grave afronta à legitimidade e normalidade do pleito eleitoral, podendo resultar na cassação do registro ou do diploma e inelegibilidade", escreveu Moraes.
A decisão ainda aponta que a Polícia Federal "identificou intensa atividade nos últimos dias, a partir de 2 de outubro de 2024. Na madrugada e manhã do dia 5, foram postados diversos vídeos relacionados à campanha eleitoral".
O texto também ressalta que o uso sistemático do perfil na data de hoje, assim como nos dias anteriores, se encaixa na hipótese de monitoramento de casos extremos, onde usuários empregam subterfúgios para acessar e publicar na plataforma X, com a intenção de propagar desinformação sobre as eleições de 2024, acompanhada de discursos de ódio e antidemocráticos, conforme manifestação da Procuradoria-Geral da República.
O que aconteceu
Na última sexta-feira (4), Pablo Marçal publicou um laudo falso com a intenção de novamente associar o candidato Guilherme Boulos (PSOL) ao uso de drogas. Desde a divulgação, diversas evidências apontam que o prontuário apresentado foi forjado. Conforme antecipou a coluna de Mônica Bergamo na Folha, Boulos já solicitou à Justiça a prisão de Marçal por falsificação de documento.
O laudo, atribuído à clínica Mais Consulta, alega que Boulos foi atendido em janeiro de 2021 na unidade do Jabaquara (zona sul de SP) durante um surto psicótico. O documento ainda afirma que um acompanhante do candidato apresentou um exame toxicológico que indicaria a presença de cocaína em seu sangue.
Neste sábado (5), Marçal defendeu-se dizendo que apenas recebeu e publicou o laudo. "Eu recebi e publiquei," afirmou. "Não fui eu que dei o laudo, eu só publiquei." Ele também declarou que cabe a Boulos provar a veracidade do documento e, sem apresentar evidências, acusou o deputado do PSOL de fraudar o exame toxicológico mostrado durante um debate na Globo, respondendo à pergunta sobre quando apresentaria provas com um enigmático "quando eu quiser".
Mais cedo, o juiz Rodrigo Marzola Colombini, da 2ª Zona Eleitoral de São Paulo, qualificou o laudo como falso e concedeu uma liminar que ordena a remoção imediata dos vídeos que fazem referência ao documento nas plataformas Instagram, TikTok e YouTube.
"Há plausibilidade nas alegações [dos autores da representação], envolvendo não apenas a falsidade do documento, mas também a relação entre o dono da clínica e o requerido Pablo Marçal, além de ser um documento assinado por um profissional já falecido e da data de sua divulgação, justamente na antevéspera da eleição," destacou o juiz.
Com a acusação inicial perdendo força, o influenciador recorreu ao laudo falso, que representa um ponto crítico da estratégia de Marçal: viralizar por meio de acusações infundadas, declarações agressivas e polêmicas para ganhar notoriedade entre os eleitores.
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