Helicóptero: cor da aeronave e informações vazias dificultaram buscas

Helicóptero desaparecido há 12 dias foi localizado nesta sexta-feira; entenda como policiais chegaram à localização exata da aeronave

Foto: João Vitor Revedilho - 12.01.2024
Polícia fala sobre helicóptero desaparecido há doze dias, localizado nesta sexta (12)

Além do mau tempo, a cor da aeronave a informações falsas e vazias dadas por denunciantes dificultaram as buscas pelo  helicóptero que estava desaparecido há 12 dias e foi encontrado nesta sexta-feira (12), em Paraibuna (SP).  As quatro pessoas que estavam a bordo foram encontradas mortas.

"Nos primeiros dias, realmente, a meteorologia e a visibilidade eram muito prejudiciais às buscas, tanto pelo avião da FAB quanto pelos helicópteros envolvidos. A geografia é composta por um terreno montanhoso, e outro fator que também prejudicava muito era a cor do helicóptero, um cinza escuro. Informações dispersas e divergentes também atrapalharam", afirma o Coronel Ronaldo Barreto de Oliveira, comandante da aviação da Polícia Militar de São Paulo. 

"Ligavam no 190 e falavam que viram o helicóptero lá no bairro Vargem Grande, em Ubatuba, em Caraguatatuba. A gente tratou as informações e todas aquelas que a gente viu a viabilidade e oportunidade de averiguar, foram averiguadas", completa. 

As polícias Civil e Militar confirmaram que o uso de sinais telefônicos foram determinantes para determinar a localização exata do helicóptero. A aeronave foi localizada em uma área de Mata Atlântica, próxima à Rodovia dos Tamoios, por volta das 9h15, após 12 dias desaparecida.

Segundo Paulo Sérgio Rios Campos Mello, diretor do Dope da Polícia Civil, os investigadores usaram a triangulação dos sinais de celulares para reduzir a área de buscas de 5 mil km² para 12 km². Na quinta-feira (11), as equipes de resgate demilitaram cinco áreas de buscas.

"Aquela região era enorme, gigante, e com condições meteorológicas totalmente desfavoráveis. O principal [trabalho de investigação] nosso: a triangulação dos sinais de celulares. Ali era uma só com as antenas voltadas para o mesmo lado. Conseguimos estabelecer uma área de busca ontem no final de tarde e, graças ao tempo bom, finalmente conseguimos efetuar o voo que a gente precisava para delimitar com precisão a área de busca para ver onde estaria esse helicóptero", afirma Campos Mello.

"O que possibilitou diminuir essa área foi uma análise através da Inteligência da Polícia Civil que eles poderiam estar naquele setor da estação de rádio base de Paraibuna do Km 54. Ontem até divulgaram uma imagem do helicóptero voando próximo ao Km 58, 60. Isso veio a corroborar o que nós já tínhamos", conclui.

Segundo as autoridades, a aeronave foi encontrada no segundo trecho das buscas. A área fica a cerca de 10 km do local onde o helicóptero realizou um pouso forçado minutos antes de cair. Para os investigadores, a trajetória indica que o piloto tentava retornar ao aeroporto Campo de Marte, em São Paulo (SP).

"Ele saiu, voou um pouquinho com intenção de retornar para São Paulo, não de prosseguir para Ilhabela, e não conseguiu infelizmente. Sobrevoou por minutos", ressalta Mello.

Helicóptero ficou desaparecido por 12 dias

O helicóptero partiu do Campo de Marte na tarde do dia 31 de dezembro com destino à Ilhabela, litoral Norte de São Paulo. Além do piloto, Cassiano Tete Teodoro, estavam a bordo Luciana Rodzewics, a filha dela, Letícia Ayumi Rodzewics Sakamoto e Rafael Torres, que teria convidado ambas para o voo. As quatro vítimas morreram na queda. 

Segundo as autoridades, o piloto chegou a fazer um pouso de emergência devido ao tempo ruim próximo à Rodovia dos Tamoios. Letícia chegou a mandar mensagem para o namoro comentando sobre a espera e afirmou que estavam cogitando retornar para o São Paulo. 

Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), o helicóptero é um Robinson R-44, com capacidade para três pessoas e um piloto. A aeronave possuia registro de aeronavegabilidade válido até junho, mas não tinha autorização para realizar serviços de taxi-aéreo. 

A ANAC também informou que o piloto do helicóptero teve a licença cassada pela agência entre 2021 e 2023 por realizar voos irregulares. 

O diretor do Dope evitou especular o que poderia ter causado o acidente e afirmou que vai esperar o relatório da perícia para avançar com as investigações

"É muito cedo para dizer que a aeronave teve uma colisão. Seria uma imprudência afirmar algo tecnicamente sem saber. A perícia vai apurar essa situação", declarou.

Além da Polícia Civil, o Centro de Investigações e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) também foi acionado e deverá determinar as causas do acidente.