Castro comenta prisão de Bacellar e nega manobra na Alerj

Após painel do Cosud, governador negou articulação para proteger aliados

O governador Cláudio Castro (PL) durante coletiva após o painel de segurança pública do Cosud, em Botafogo.
Foto: Cadu Barbosa/Portal iG
O governador Cláudio Castro (PL) durante coletiva após o painel de segurança pública do Cosud, em Botafogo.

Dois dias após a prisão do deputado estadual Rodrigo Bacellar (União), presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), o governador Cláudio Castro (PL) se manifestou publicamente nesta sexta-feira (05), após o painel de segurança pública do Cosud (Consórcio de Integração Sul e Sudeste).

Castro destacou que ainda não teve acesso aos autos do processo e reforçou que Bacellar deve ter garantido o direito constitucional à ampla defesa. 

“Acusação é acusação. A gente já viu recentemente um secretário de estado ser preso e, 30 ou 60 dias depois, todo o processo ser cancelado pela Justiça. Tem que tomar muito cuidado nessas análises. É uma prisão preventiva. Acho que tem que esperar as investigações” , declarou.

O governador também afirmou que espera o avanço do inquérito para que os fatos sejam esclarecidos e reforçou que agentes públicos envolvidos com facções criminosas devem ser punidos. 

“A gente espera que todas as coisas sejam explicadas, até porque se trata da maior facção criminosa do Brasil. E a gente torce para que nenhum agente público se envolva com eles. Quem fizer mal feito tem que ser punido exemplarmente, onde estiver” , disse.

Em nota divulgada mais cedo pelo Palácio Guanabara, o governador afirmou manter “confiança na condução técnica e imparcial do Supremo Tribunal Federal e da Polícia Federal” , responsáveis pela investigação que levou à prisão preventiva de Bacellar, decretada na última quarta-feira (03) pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, após representação da Polícia Federal.

A PF aponta que o deputado teria vazado informações sigilosas da Operação Zargun ao então deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, o TH Joias (MDB), preso em setembro por suspeita de ligação com o Comando Vermelho.  O Portal iG teve acesso aos prints usados pela PF na prisão de Bacellar, que mostram a possível ligação entre ele e TH Joias.

Castro rebate suspeitas sobre possível manobra

O STF solicitou ao governo do Rio logs do Sistema Eletrônico de Informações (SEI) e do Diário Oficial referentes à exoneração de Rafael Picciani e à nomeação de Rodrigo Dantas Scorzelli para a Secretaria de Esporte e Lazer, atos realizados em 3 de setembro, poucas horas após a prisão de TH Joias. Para a Polícia Federal, a movimentação configuraria uma “célere manobra regimental” para devolver Picciani ao cargo ocupado por TH, criando uma estratégia de controle de danos e evitando a associação da Alerj ao deputado investigado.

Castro negou irregularidades: “Não existe manobra. Os atos administrativos seguem ritos legais, com pareceres técnicos e jurídicos. Tudo é documentado”, afirmou. Em discurso indireto, disse que não interfere em decisões operacionais do Executivo e que todos os processos passam por controles internos, alertando que vincular o governo a uma estratégia de proteção política é precipitado. “ A gente trabalha com responsabilidade institucional. Se alguém cometeu erro, que responda por isso, mas não se pode criar ilações sem provas”, concluiu.