Mulher leva cadáver para o banco e tenta sacar R$ 17 mil
Reprodução/Rede sociais
Mulher leva cadáver para o banco e tenta sacar R$ 17 mil

O laudo realizado pelo Instituto Médico Legal (IML) no corpo de Paulo Roberto Braga não conseguiu concluir se o idoso morreu antes ou depois de chegar à agência bancária de Bangu, zona Oeste do RJ. Ele foi levado ao local por Érika de Souza Vieira Nunes, de 42 anos, na terça-feira (16). Ela se apresentou como sobrinha do homem, na tentativa de sacar um empréstimo da conta dele. 

De acordo com as informações divulgadas pela CNN, o perito do IML responsável pelo laudo diz que o óbito pode ter ocorrido entre 11h30 e 14h30, mas que não tem elementos seguros para dizer, do ponto de vista técnico e científico, que a vítima morreu no trajeto para a agência.

A morte, ainda segundo o laudo necroscópico, pode ter sido causada por broncoaspiração de conteúdo estomacal e falência cardíaca, compatível com a de um homem previamente doente.

Os peritos aguardam ainda resultados de exames toxicológicos para determinar se houve algum fator externo envolvido na morte.

Relembre o caso

Na terça-feira (16), veio à público um vídeo gravado por funcionários de uma agência bancária localizada dentro de um shopping no bairro de Bangu, zona Oeste do Rio de Janeiro (RJ). 

As imagens chamaram atenção e viralizaram, pois Érika de Souza Vieira Nunes aparece simulando que Paulo Roberto Braga está vivo, ao manusear o cadáver do idoso de uma maneira que ele "assine"os documentos necessários para sacar R$ 17 mil de sua conta bancária. 

Para os atendentes, Érika se identificou como sobrinha de Paulo, mas a polícia ainda investiga a veracidade do grau de parentesco, tentando encontrar outros parentes do homem. 

A atitude da mulher e a aparência visivelmente fora do comum de Paulo chamaram a atenção dos funcionários do banco, que questionaram Érika sobre a saúde do homem. 

Então, os funcionários do local chamaram a polícia. Érika foi presa em flagrante, sob acusações de tentativa de furto mediante fraude e vilipêndio de cadáver. O Samu foi chamado e, naquele momento, constatou que fazia algumas horas que o idoso havia morrido. 

Manchas na nuca

De acordo com o delegado Paulo Souza, do 34ª Departamento de Polícia (DP), em Bangu, responsável pelo caso, livores cadavéricos na parte de trás da cabeça de Paulo indicam que ele tenha morrido pelo menos duas horas antes do atendimento da equipe do Samu na agência bancária.

Se Paulo tivesse morrido no banco, haveria livores nas pernas, já que ele estava na cadeira de rodas. Mas a perícia inicial não encontrou manchas nos membros inferiores.

"Não dá pra dizer o momento exato da morte. Foi constatado pelo Samu que havia livor cadavérico. Isso só acontece a partir do momento da morte, mas só é perceptível por volta de duas horas após a morte", explicou o delegado ao g1.

A polícia ainda não sabe se ele usava, ou não, cadeira de rodas anteriormente, e isso fará parte da investigação.

Além disso, os agentes esperam o exame de necropsia para atestar a causa da morte: se ela ocorreu por alguma causa natural ou se foi dado a ele alguma substância que pudesse levá-lo à morte.

Data do empréstimo

Érika teria ido ao banco para tentar fazer a retirada de R$ 17 mil. Sua defesa diz que o empréstimo do valor foi solicitado há um mês, mas que durante esse período, o idoso ficou internado devido a uma pneumunia, mas estava lúcido e se locomovia com a ajuda de uma cadeira de rodas. 

"A solicitação do empréstimo foi feita há aproximadamente um mês do fato ao qual ela está sendo acusada. Ele estava totalmente lúcido. Antes da primeira internação, ele andava; só precisou de cadeira de rodas quando saiu, por ficar um pouco mais debilitado porque teve pneumonia, como qualquer pessoa ficaria. Mas isso não atacou sua lucidez."

Imagens mostram idoso entrando no shopping

Imagens do circuito de segurança do shopping obtidas pelo g1 mostram o corpo do idoso sendo conduzido por Érika em uma cadeira de rodas para entrar no shopping. Ele aparece com a cabeça tombada para o lado. 

Outro ponto que a polícia busca esclarecer é identificar o motorista de aplicativo que levou os dois até o shopping, para que este seja ouvido como testemunha. 

Idoso vivo dois dias antes

Imagens divulgadas nesta quarta-feira (17) pela Globonews mostram que dois dias antes (segunda-feira, 15), Paulo foi levado por Érika, ainda com vida, a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA).  Ele aparece também em uma cadeira de rodas, mas é possível vê-lo tocando na porta do local antes de entrar na unidade de saúde. 

O que diz a defesa 

A advogada Ana Carla de Souza Correa, responsável pela defesa de Érika, contesta a versão dada pela polícia sobre o homem já ter chegado morto ao banco e afirma que ele ainda estava vivo no momento da chegada.

“Os fatos não aconteceram como foram narrados. O senhor Paulo chegou à unidade bancária vivo. Existem testemunhas que, no momento oportuno, também serão ouvidas. Ele começou a passar mal, e depois teve todos esses trâmites. Tudo isso vai ser esclarecido e acreditamos na inocência da senhora Erika”, declarou a advogada à TV Globo em uma entrevista concedida na porta do 34ª Departamento de Polícia (DP).

Em uma entrevista para o Uol News, a advogada de Érika alegou que a cliente tem um laudo psiquiátrico.

Durante a entrevista, Ana Clara de Souza disse que é possível comprovar o Código Internacional da Doença (CID) de Érika, juntamente com laudos e receiturários de medicamentos usados pela sua cliente.

"Sabemos que há doenças que são altamente psicológicas, outras que transitam para uma questão psiquiátrica e outras que beiram à loucura. Não é o caso dela. [No caso da Erika] São situações que transitam entre um abalo psicológico e uma questão de medicamentos controlados no campo psiquiátrico."

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