Durante a continuação da audiência de instrução e julgamento no processo em que é réu com a ex-namorada, a professora Monique Medeiros da Costa e Silva, por torturas e morte do filho dela, Henry Borel Medeiros, Jairo Souza Santos Júnior, o Jairinho, chamou atenção por seu visual. Vestindo calça jeans, camisa branca, casaco azul e um par de tênis, o médico e ex-vereador aparentava estar cerca de dez quilos mais magro e usava óculos quando participou do interrogatório no plenário do II Tribunal do Júri, na última segunda-feira. Na ocasião, por cerca de seis horas, 14 meses após ser preso, alegou inocência e atacou peritos da Polícia Civil e médicos do Hospital Barra D’Or.
No fim daquela tarde, os dois se separaram: enquanto Monique seguiu para o Instituto Penal Ismael Sirieiro, no Fonseca, Zona Norte de Niterói, Região Metropolitana do estado, Jairinho foi levado em uma viatura da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) para o Presídio Pedrolino Werling de Oliveira, no Complexo de Gericinó, conhecido como Bangu 8, destinados a detentos com ensino superior e onde ficaram os presos da operação Lava Jato, como políticos e empresários suspeitos de desvio de recursos públicos.
Após cumprir isolamento seguindo os protocolos contra a Covid-19 por 14 dias na cela C3, ele passou pela chamada classificação de risco e teve permissão do diretor da unidade prisional para ingressar em uma cela onde conviveria com outros internos. Uma semana depois, o ex-vereador chegou a procurar atendimento médico no Hospital Penitenciário Hamilton Agostinho, também no Complexo de Gericinó, onde relatou sentir dores de cabeça, tontura e um quadro de ansiedade, e novamente retornou ao Pedrolino Werling de Oliveira.
Desde então, Jairinho ocupa, com outros 22 presos, a cela D, um dos maiores espaços coletivos da unidade, com cerca de 70 metros quadrados e capacidade para até 44 pessoas. Atualmente, além dele, estão lá, o ex-funcionário da Prefeitura Mário Marcelo Santoro, acusado de assassinar a ex-namorada Cecília Haddad, na Austrália; o tabelião Ricardo Vasconcellos, que matou a mulher grávida e os sogros, em Nova Friburgo; e o economista e empresário Eduardo Fauzi, suspeito de jogar coquetéis molotov na fachada da produtora Porta dos Fundos, em Botafogo.
No espaço, além de banheiro, os presos dispõem de beliches e um aparelho de televisão, onde assistem a canais abertos e à noite costumam ver novelas. Diariamente, Jairinho tem à duas horas de banho de sol no pátio da unidade e recebe as visitas das ex-mulheres Ana Carolina Ferreira Neto e Fernanda Abidu Figueiredo, de seus três filhos, além dos advogados. Além da alimentação disponibilizada pela Seap, comidas e remédios controlados que ele toma há pelo menos dez anos podem ser levados por parentes .
"Jairinho tem sofrido física e psicologicamente, há mais de um ano, as consequências da prisão. As recentes audiências do processo, em especial o depoimento prestado por ele, revelam erros e contradições no laudo, uma investigação mal feita e uma denúncia equivocada. O médico e ex-vereador tem todos os requisitos para responder este processo em liberdade e a defesa vai em busca disso", disse o advogado Claudio Dalledone.
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