Salgueirense declarado, o deputado estadual Rodrigo Amorim (PTB) cruzou a Marquês de Sapucaí ao lado do carro de som da escola, terceira agremiação a desfilar na sexta-feira. Com um enredo sobre a resistência do povo negro, o Salgueiro homenageou, em uma das alas, a vereadora Marielle Franco, assassinada com o motorista Anderson Gomes em março de 2018.
Meses depois, pouco antes da eleição na qual acabou eleito, Amorim participou de uma cena em que uma placa com o nome da parlamentar foi quebrada ao meio. Novamente no Sambódromo neste sábado, o deputado comentou a presença no desfile do Salgueiro na véspera: "Nós somos salgueirenses. Não vi qualquer referência a Marielle como algo ideológico", argumentou, enquanto rodeava o prefeito Eduardo Paes e o governador Cláudio Castro.
A citação a Marielle Franco veio no fim da passagem do Salgueiro pela Sapucaí, que trouxe um carro alegórico no qual os pilares do racismo eram, literalmente, derrubados. A ala à frente da alegoria enfileirava referências a diversas personalidades negras, entra elas a vereadora do PSOL, cuja foto estampava um dos galhardetes.
O desfecho do desfile salgueirense trazia ainda diversas frases contra a violência racial. "Parem de nos matar", dizia um dos cartazes. "A favela não se cala", afirmava outro. Havia também referências ao movimento Black Lives Matter, com a versão em português do slogan: "Vidas negras importam".
Na Avenida, Rodrigo ganhou a companhia do irmão Rogério Amorim (PTB), vereador licenciado e atual secretário estadual de Defesa do Consumidor. Com base eleitoral na Grande Tijuca, bairro que abriga o Salgueiro, os dois são frequentadores dos ensaios e da quadra da escola, que chegou a abrigar uma festa de aniversário de Rodrigo em dezembro.
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Logo após o desfile do Salgueiro, Rodrigo Amorim postou um registro nas redes sociais ao lado da esposa, vestindo a camisa da diretoria da agremiação. "Mais um Carnaval com ela. Na diretoria da minha escola de coração, um grande desfile, que show da Furiosa. Cheirinho de título pra Tijuca", escreveu o deputado estadual.
A quebra da placa com homenagem a Marielle aconteceu durante um evento político em Petrópolis, na Região Serrana do Rio, em outubro de 2018. Ao lado de Amorim, estava Daniel Silveira, que elegeu-se deputado federal e foi condenado esta semana a 8 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), mas acabou recebendo um indulto do presidente Jair Bolsonaro (PL).
No palanque, na ocasião, estava ainda o ex-governador Wilson Witzel, alvo de um impeachment. Emoldurada, metade da placa com o nome da vereadora executada é exibida até hoje no gabinete de Rodrigo Amorim.