Após mudança de depoimento, Polícia deve investigar fraude processual
Robson Coutinho da Silva e Heitor Monteiro depuseram na 29ª DP (Madureira). Toda a equipe que estava com o vereador em Quintino no episódio será intimada
Após um assessor e um ex-assessor do vereador do Rio, youtuber e ex-PM Gabriel Monteiro (PL) prestarem depoimento na 29ª DP (Madureira), na tarde da última segunda-feira , a Polícia Civil vai investigar se o político mentiu e instruiu seus assessores a mentirem e dizerem que foram atacados a tiros em Quintino, na Zona Norte do Rio, em agosto do ano passado. O cinegrafista Robson Coutinho da Silva, de 44 anos, e o editor Heitor Monteiro, de 22, afirmam que o vereador forjou os tiros que atingiram um dos carros de sua comitiva. O automóvel pertence a Coutinho. Atualmente, a delegacia apura o crime de tentativa de homicídio contra Monteiro e sua equipe. No entanto, se comprovadas as afirmações dos profissionais, o político poderá responder por fraude processual. Toda a equipe que estava na gravação será intimada para prestar depoimento.
Segundo a 29ª DP, mais de 25 pessoas já foram ouvidas no inquérito que apura a tentativa de homicídio contra Monteiro e sua equipe. A investigação foi para o Ministério Público do Estado, mas voltou porque os investigadores pediram mais prazo. O caso está sob a responsabilidade da promotora Renata Pereira de Souza da Graça Mello, da 1ª Promotoria de Justiça e Investigação Penal Territorial da Área de Madureira e Jacarepaguá.
"Sobre a questão do tiro, meu carro tinha uma perfuração pequena, que foi uma criança que caiu com o guidão da bicicleta. Não foi tiro. Mas, quando chegou à delegacia, eu fui buscar um lanche e voltei, Gabriel já estava dando entrevista e falando que o carro tinha sido alvejado" afirma Robson Coutinho, que é assessor do vereador.
Segundo Coutinho, Gabriel Monteiro teria lhe dito que era para “deixar quieto” que ele “iria resolver tudo”.
"Prestei depoimento e fui embora. Deixei o carro com ele e, no dia seguinte, o carro foi para uma perícia na Abolição. Não sei o que ele fez. O meu carro logo em seguida apareceu com a perfuração" relata. "Não era um tiro de fuzil. Só denuncio agora porque a gente tinha receio de sair daquela bolha e ser prejudicado. Eu temia que ele fizesse algo contra mim e minha família."
Além de Robson Coutinho, o ex-assessor Heitor Monteiro também foi à 29ª DP para mudar a versão apresentada no dia do fato.
"Não tinha tiro. Eu posso afirmar. Ele pediu para a gente falar que teve tiros" disse o ex-assessor que também acusa Monteiro de assédio sexual.
Com base no depoimento dos dois, a polícia vai investigar se a versão é compatível e se o vereador mentiu. Como as duas testemunhas voltaram à delegacia para mudar a versão, elas não serão indiciadas. O vereador deverá ser chamado a depor mais uma vez. Além de prestar esclarecimentos novamente, o carro do assessor de Gabriel poderá passar por uma nova perícia.
Um laudo pericial no carro feito no Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), com assinatura do perito criminal Filipe Guimarães Teixeira, datado do dia 2 de agosto de 2021, a que o GLOBO teve acesso, afirma que foram constatados “dois impactos de projétil de arma de fogo (IPAFs) no setor lateral direito do veículo, mais especificamente na porta de passageiros, tangenciais, sem apresentar penetração do anteparo”.
Sandro Figueiredo, advogado do vereador, nega as acusações e afirma que seu cliente "jamais utilizou de conduta ilícita e que todas suas atitudes são pautadas na mais extrema legalidade”.
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