Tráfico internacional abastecia traficantes, milicianos e pistoleiros
Segundo a PF, peças de armamento e munição eram escondidas em máquinas de soldar e impressoras, que eram despachadas da Flórida para o Brasil
A casa de dois andares e aspecto simples, em uma rua do bairro de Vila Isabel, Zona Norte do Rio, só destoa da vizinhança pela presença de câmeras de segurança na fachada. No endereço, segundo quem mora por perto, vive uma senhora gentil e pouco vista nas redondezas. Ninguém, no entanto, se animou a dar entrevistas formais: a ocupante da residência, Ilma Lustosa, de 88 anos, foi presa ontem como integrante de uma quadrilha internacional de tráfico de armas desarticulada pela Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF).
‘Senhor das armas’
Segundo os investigadores, ela é mãe do homem apontado como o chefe da organização criminosa. Da Flórida, nos Estados Unidos, ele orientava a idosa sobre o recebimento do material e sua entrega aos compradores no Rio. Entre os clientes VIP do grupo figura o sargento da Polícia Militar reformado Ronnie Lessa, acusado de assassinar a vereadora Marielle Franco e Anderson Gomes. Hoje preso na Penitenciária de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, Lessa foi alvo de um mandado por tráfico de armas e organização criminosa neste caso.
O esquema atacado ontem, e alvo de investigações nos últimos dois anos, era semelhante ao de Frederik Barbieri, o “senhor das armas”, preso em fevereiro de 2018, em Miami, depois que a Polícia Civil encontrou 60 fuzis acondicionados em aquecedores de piscina, que chegaram dos Estados Unidos pelo aeroporto do Galeão, no Rio. Desta vez, segundo a PF, os traficantes de armas escondiam armas inteiras, peças de armamento e munição em máquinas de soldar e impressoras, que eram despachadas da Flórida para o Brasil em contêineres de navios e por encomendas de avião. O desembarque acontecia no Amazonas, em São Paulo e em Santa Catarina.
Entre no canal do Último Segundo no Telegram e veja as principais notícias do dia no Brasil e no Mundo.