Ronnie Lessa é alvo da PF por tráfico internacional de armas
Mandado foi cumprido no presídio federal de Campo Grande onde ele esta preso, acusado de matar a vereadora Marielle Franco
A Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF) deflagraram na manhã desta terça-feira a Operação Florida Heat, contra o tráfico internacional de armas. O ex-policial Ronnie Lessa é um dos alvos. O PM reformado já está preso, acusado de ser o executor da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 2018. Lessa está na Penitenciária de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, e nesta terça a PF cumpriu um novo mandado contra ele. Outras duas pessoas foram presas no Rio de Janeiro.
De acordo com as investigações, que duraram ao menos dois anos, a quadrilha usava uma impressora 3D para terminar de montar o armamento, despachado clandestinamente dos EUA. Ao todo, 50 agentes federais cumprem sete mandados de prisão preventiva e cinco de busca e apreensão, expedidos pela 1ª Vara Federal Criminal do Rio.
Além de ações no Rio, a PF e o MPF também estão em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, e em Miami, nos EUA. A Justiça também determinou o sequestro de bens, avaliados em cerca de R$ 10 milhões.
As investigações desvendaram a existência de um grupo responsável pela aquisição de armas de fogo, peças, acessórios e munições nos EUA e pelo envio ao Brasil. Uma das equipes da operação foi até uma casa em Vila Isabel, na Zona Norte. Segundo as investigações, esse era o endereço para onde o armamento era enviado.
A PF afirma que o grupo investia o dinheiro adquirido com o tráfico de armas em imóveis residenciais, criptomoedas, ações, veículos e embarcações de luxo.
Os investigadores dizem que a célula americana enviava armas de fogo, peças, acessórios e munição tanto em contêineres em navios cargueiros quanto em encomendas postais por avião pelos estados do Amazonas, de São Paulo e de Santa Catarina, e tinham como destino final o Rio.
“Na maioria das vezes, o material era acondicionado dentro de equipamentos como máquinas de soldas e impressoras, despachados juntamente a outros itens como telefones, equipamentos eletrônicos, suplementos alimentares, roupas e calçados", informou a PF em nota.
Nas "oficinas", o grupo carioca finalizava o trabalho com auxílio de Ghost Gunners, impressoras 3D específicas para fazer armas — "posteriormente distribuídas para traficantes, milicianos e assassinos de aluguel".
Ao longo da investigação, foram apreendidos milhares de armas, peças, acessórios e munições de diversos calibres, tanto no Brasil, quanto nos EUA.
O dinheiro para a compra do armamento era enviado do Brasil para os EUA através de doleiros. Foi identificado um brasileiro, dono de churrascarias em Boston, no estado de Massachusetts, que recebia parte desse dinheiro e repassava para os alvos residentes nos EUA.
O grupo criminoso deve responder pelos crimes de tráfico internacional de armas, organização criminosa e lavagem de capitais.
A reportagem tenta contato com a defesa de Ronnie Lessa.