COP30: segunda semana quer transformar teorias em práticas

Até o momento foram feitos mais de 30 anúncios, incluindo o lançamento do Fundo para Florestas Tropicais para Sempre

COP30 entra na segunda semana com foco em implementação, natureza e transição energética.
Foto: Portal IG
COP30 entra na segunda semana com foco em implementação, natureza e transição energética.

COP30  iniciou sua segunda semana, nesta segunda-feira (17), com a abertura do Segmento Ministerial de Alto Nível e com o reforço de que esta deve ser a “COP da Implementação” .

Após mais de 30 anúncios feitos nos primeiros dias incluindo o lançamento do Fundo para Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), de US$ 5,5 bilhões (mais de R$ 29 bilhões na cotação atual), as negociações entram agora em uma fase decisiva, marcada por debates políticos sobre adaptação, transição justa e financiamento climático.

Com 145 itens técnicos já discutidos, a conferência volta suas atenções para temas centrais da agenda climática. A mensagem unificada entre lideranças internacionais enfatiza que proteger a natureza e fortalecer seus guardiões é passo fundamental para garantir ações climáticas duradouras.

Alckmin destaca papel estratégico da Amazônia

Durante o discurso de abertura do segmento ministerial nesta segunda-feira (17), o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, ressaltou o papel estratégico da Amazônia no equilíbrio climático global.

Segundo ele, o Brasil chega à COP30 com “metas transparentes e ambiciosas”, como avançar na transição energética, ampliar o uso de fontes renováveis e zerar o desmatamento ilegal até 2030.


Alckmin afirmou ainda que a realização da conferência em Belém reforça a liderança brasileira na agenda ambiental e aumenta a pressão por resultados concretos. Para o vice-presidente, esta deve ser a “COP da verdade, da implementação e da responsabilidade”.

Ele também reiterou metas globais pactuadas para acelerar a transição energética, destacando a necessidade de triplicar a capacidade de instalada de energia renovável e dobrar a eficiência energética mundial até 2030.

Governo lança consulta pública sobre descarbonização industrial

Após o início do segmento ministerial, o governo federal lançou a consulta pública da Estratégia Nacional de Descarbonização Industrial (ENDI). A iniciativa, divulgada ao lado de representantes das principais entidades industriais brasileiras, busca integrar o setor produtivo ao esforço climático nacional.

A ENDI pretende modernizar processos produtivos, incentivar tecnologias de baixo impacto ambiental, fortalecer a economia circular e alinhar a indústria aos compromissos climáticos do país, aumentando a competitividade brasileira na economia verde.

Participação indígena histórica

A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, avaliou a primeira semana da conferência como decisiva para o alcance das metas climáticas. Segundo ela, esta edição conta com a maior delegação indígena já registrada em uma COP, com 900 representantes participando dos debates.

Guajajara destacou que a pauta indígena foi trazida “para o centro” das discussões, reforçando a importância da proteção dos territórios tradicionais no enfrentamento da crise climática. Ela também celebrou a garantia de recursos do TFFF que soma US$ 5,5 bilhões e afirmou que o objetivo é dobrar esse valor até o final da COP.

A ministra informou ainda que 20% dos recursos do fundo serão destinados diretamente a povos e organizações indígenas. Durante o evento, foram anunciadas também dez portarias declaratórias de territórios indígenas, assinadas pelo Ministério da Justiça, sob comando do ministro Ricardo Lewandowski.