
O empresário Dan Ioschpe, nomeado Campeão de Alto Nível da COP30 pelo governo federal, afirmou que a reunião de líderes mundiais terá um papel inédito: deixar de lado a ênfase exclusiva nas negociações diplomáticas e priorizar a implementação de ações concretas contra a crise climática.
A declaração foi um dos destaques do debate “O setor produtivo e o Brasil como potência verde: compromissos com a COP30”, promovido pela Câmara Britânica de Comércio e Indústria no Brasil (Britcham), em São Paulo, nesta quarta-feira (6).
A menos de 100 dias do início, a COP30 é tida como um evento decisivo para o desenvolvimento sustentável do planeta e para o caminho do Brasil para se tornar referência global na agenda verde.
"Não há dois caminhos: desenvolvimento tem que ser sustentável, ou simplesmente não vai dar certo” , defendeu Ioschpe.
A função de Campeão de Alto Nível do Clima foi estabelecida na COP 21, em 2015. Suas atribuições incluem conectar iniciativas voluntárias de atores econômicos aos esforços dos governos nacionais, apoiando o cumprimento dos objetivos do Acordo de Paris.
Mobilização do setor privado
Durante o evento, Fabio Caldas, presidente da Britcham, reforçou a importância da mobilização do empresariado, que deve estar no centro da construção da agenda climática.
“É hora para somarmos esforços para que o Brasil leve à COP30 uma narrativa forte, ambiciosa e realista. O país tem influência global e a conferência será uma janela para demonstrarmos que o Brasil pode, sim, ser uma potência ambiental, com responsabilidade, estratégia e participação ativa” , afirmou.
Dan Ioschpe lembrou que o Brasil foi encarregado de estruturar uma agenda única de ação climática, com seis eixos e 30 objetivos centrais.
A meta é sair do acúmulo de compromissos e iniciativas e avançar em soluções tangíveis e executáveis, desde energias renováveis até gestão de resíduos.
“Temos tecnologia, pessoas e recursos financeiros para entregar. O que falta agora é botar a bola no chão e fazer gols importantes para equilibrar o jogo”, disse.
O executivo reforçou também que o Brasil tem condições únicas para liderar esse processo.
“Somos vistos como um celeiro de soluções. Nenhum país dispõe de tantos recursos naturais e de um potencial tão vasto para energias renováveis, recuperação de áreas degradadas e geração de créditos de carbono. Mas potencial não resolve nada. Precisamos transformá-lo em realidade para ajudar não só o Brasil, mas o mundo inteiro a cumprir suas metas climáticas”, enfatizou.
Marco para resultados práticos
Luke Durigan, diretor comercial do governo britânico e responsável pelo Departamento de Negócios e Comércio no Brasil (DBT), ressaltou que a COP30 deve ser tratada como um marco para resultados práticos.
Durigan destacou o lançamento da Clean Power Alliance em novembro de 2024 no Brasil, entre Reino Unido e Brasil, criada para acelerar a transição energética.
“O mundo está observando e a pergunta é clara: estamos entregando ou não? O Reino Unido quer estar ao lado do Brasil para responder que sim. A COP30 não será apenas mais uma conferência, mas um prazo para agir e mostrar mudanças reais” , pontuou.
Para Ricardo Zibas, vice-presidente do Comitê de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Britcham e mediador do evento, a conferência representa uma oportunidade singular para o Brasil mostrar seu valor.
“O momento global é desafiador, mas o país pode se afirmar muito mais como parte da solução do que como parte do problema. A COP30 será uma chance crucial para isso”, disse.
A COP30
A COP30 acontecerá em Belém, no Pará, em novembro de 2025, reunindo chefes de Estado, lideranças empresariais, investidores e representantes da sociedade civil.
O evento marcando a metade do caminho entre o Acordo de Paris e 2030, data limite acordada para o mundo reduzir drasticamente suas emissões e manter viva a meta de limitar o aquecimento global a 1,5°C.
Britcham
Há mais de 100 anos no Brasil, a Britcham, que promoveu o debate sobre a COP30, atua como principal promotora das relações econômicas e comerciais entre Brasil e Reino Unido, fomentando o diálogo bilateral por meio de iniciativas estratégicas.