
A BR-376, uma das principais ligações entre o Paraná e Santa Catarina, foi totalmente interditada na manhã desta terça-feira (18) após o tombamento de um caminhão de soja no km 665, na altura de Guaratuba (PR). O acidente ocorreu por volta das 8h20 e causou a interrupção total do fluxo na pista sentido sul.
Durante a fiscalização, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) constatou que o conjunto veicular apresentava graves falhas de segurança. O cavalo-trator estava sem dois pneus em um dos eixos e com uma cuíca de freio isolada, provavelmente para postergar a manutenção e possibilitar que o veículo continuasse a circular. A carreta também apresentava pneus completamente desgastados. Além disso, foi identificado o uso não autorizado do dispositivo conhecido como "fominha", uma modificação para que o veículo consiga transportar mais carga, aumentando o risco envolvido.
O cronotacógrafo, equipamento que registra a velocidade e o tempo de direção, do caminhão estava com a aferição vencida desde agosto de 2024, em desacordo com a legislação que regula a jornada e o descanso de motoristas profissionais.
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), não houve vítimas. O tráfego chegou a ser bloqueado por completo, mas, por volta das 9h30, a faixa 3 foi liberada. Às 10h38, a PRF informou que o veículo havia sido removido e equipes trabalhavam para limpar e liberar completamente a pista. Às 10h59, todas as 3 faixas foram abertas para circulação.
Impacto no trânsito e importância da BR-376
A BR-376 é uma rodovia estratégica para o transporte de cargas e passageiros entre o Sul e o Sudeste do país. Ela conecta Curitiba (PR) a Garuva (SC), servindo como uma das principais vias de acesso ao Porto de Paranaguá e ao litoral catarinense.
O trecho onde ocorreu o acidente, conhecido como Serra de Guaratuba, é um dos mais desafiadores para os motoristas devido às curvas acentuadas, inclinação do terreno e alto fluxo de veículos pesados.
Ao longo dos anos, a BR-376 tem sido palco de diversos acidentes, principalmente em períodos de chuvas, quando o asfalto se torna escorregadio e a visibilidade reduzida. A rodovia também recebe grande movimento em feriados e temporadas de férias, com turistas se deslocando para o litoral de Santa Catarina.
A PRF orienta os condutores a redobrarem a atenção no trecho e a buscarem rotas alternativas sempre que possível. Equipes da concessionária que administra a rodovia trabalham na remoção do veículo tombado e na normalização do fluxo.
Somente em 2025, a PRF realizou no Paraná mais de 3 mil autuações em veículos em mau estado de conservação, infração que engloba irregularidades como os pneus com desgaste excessivo. O número equivale a mais de 40 flagrantes por dias. Outros 1.450 veículos foram flagrados com problemas nos equipamentos obrigatórios, como o sistema de freio.
Diante das irregularidades, o veículo foi removido ao pátio da PRF e só será liberado após a devida regularização. O valor das multas, conforme o Código de Trânsito, é de 976 reais.
Em outubro de 2024, no mesmo local, uma carreta que já vinha apresentando problema nos freios causou um acidente que matou nove pessoas, incluindo oito jovens integrantes de uma equipe de remo de Pelotas. O proprietário e o motoristas respondem na justiça por homicídio culposo. A velocidade máxima para o local, descida de serra sinuosa, é de 60 km/h, justamente para evitar tombamentos e outros acidentes. O tombamento ocorreu poucos metros antes de um radar fixo, instalado para fiscalizar a velocidade dos veículos.