
Zeli dos Anjos, que sobreviveu ao bolo envenenado com arsênio em Torres (RS) , revelou que decidiu preparar a receita no mesmo dia do crime, uma tradição que mantinha há mais de 40 anos na família. O encontro, no dia 23 de dezembro, terminou com três mortes e outras pessoas passando mal logo após ingerirem o doce.
As investigações apontam que a nora de Zeli, Deise Moura dos Anjos , é a principal suspeita de misturar arsênio à farinha usada na preparação. Segundo a polícia, Deise tinha desavenças com a sogra e chegou a chamá-la de “naja” durante depoimento.
“Eu não ia fazer o bolo, mas naquela manhã resolvi fazer”, contou Zeli. O encontro reuniu sete pessoas, mas apenas João , marido de uma das vítimas, não consumiu o doce. As irmãs Maida e Neuza e a sobrinha Tatiana não resistiram ao envenenamento.

Plano premeditado
A polícia descobriu que Deise teria envenenado a família em duas ocasiões. Em agosto, ela misturou arsênio ao leite em pó que levou para os sogros. Dias depois, o marido de Zeli, Paulo Luiz dos Anjos , morreu, e o óbito foi registrado como “infecção alimentar”.
Durante as investigações, os agentes recuperaram o histórico de buscas de Deise na internet, onde ela pesquisou sobre substâncias tóxicas, incluindo “veneno para o coração” e “veneno para matar humanos”.
Zeli, que passou 19 dias internada, afirmou que relutou em acreditar no envolvimento da nora, mesmo após a morte do marido. “Muitas pessoas me alertaram, mas eu achei impossível”, relatou.
Morte na prisão
Deise Moura dos Anjos foi presa em janeiro, mas foi encontrada enforcada na cela na última quinta-feira (13)
. Segundo a delegada Karoline Calegari, que confirmou a informação ao Portal iG
, ela ainda estava viva quando agentes penitenciários iniciaram os primeiros socorros, mas não resistiu. Antes do ocorrido, há indícios de que a suspeita tenha entregado sua aliança, possivelmente após o marido pedir o divórcio.
Último recado
Deise escreveu um recado antes de ser encontrada desacordada dentro da cadeia.
"Ela [ Deise ] deixou um escrito, que nós estamos apurando ainda detalhes, no local. Tipo um desabafo, se dizendo inocente, dizendo que era uma pessoa que estava em sofrimento, em depressão", afirmou o delegado Fernando Sodré, em entrevista à RBS TV.
“Ela escreveu alguns bilhetes. Primeiro, tem uma camiseta em que ela escreveu um desabafo, dizendo: ‘Não sou assassina, só sou um ser humano fraco com depressão por tanto sofrer e pagar pelo erro dos outros’", contou Sodré ao portal.
Ele afirmou ainda que é "uma série de cartas" deixadas. No primeiro momento, os agentes constataram apenas apenas a camiseta, mas depois na avaliação detalhada do local, teriam aparecido alguns escritos.