Três ex-agentes da Polícia Rodoviária Federal ( PRF ) foram condenados neste sábado (7) por torturar e matar Genivaldo de Jesus Santos , asfixiado em uma viatura em 2022. No julgamento , que durou 11 dias, foram ouvidas cerca de 30 testemunhas, incluindo familiares da vítima, peritos e especialistas.
Genivaldo morreu asfixiado após ter sido trancado pelos agentes no porta-malas da viatura e ser submetido à inalação de gás lacrimogêneo, em maio de 2022.
Paulo Rodolpho Lima Nascimento , que jogou a bomba e segurou a porta, foi condenado por homicídio triplamente qualificado a 28 anos de prisão.
Kléber Nascimento Freitas , que usou spray de pimenta cinco vezes contra Genivaldo, e William de Barros Noia , que abordou o homem e segurou a porta da viatura após o gás ter sido jogada no porta-malas, foram condenados por tortura seguida de morte: 23 anos, um mês e nove dias de prisão para ambos.
Os três eram acusados por tortura e homicídio triplamente qualificado. Porém, o Júri Popular desclassificou o crime de homicídio doloso para os réus William Noia e Kleber Freitas, que passaram a responder por tortura seguida de morte e homicídio culposo. Os dois foram sentenciados diretamente pelo juiz federal Rafael Soares Souza, da 7ª Vara Federal em Sergipe .
Paulo Rodolpho foi sentenciado pelo Júri Popular, que o absolveu pelo crime de tortura e o condenou pelo homicídio triplamente qualificado.
Relembre o caso
O assassinato de Genivaldo, de 38 anos, aconteceu no dia 25 de maio de 2022 em Umbaúba (SE), depois de ser abordado em uma blitz da PRF enquanto pilotava sua moto na BR-101. Segundo os policiais, ele estaria sem capacete.
Quando questionado, o homem teria tentado explicar que tomava remédios para distúrbios psiquiátricos. A informação foi confirmada pelo sobrinho que o acompanhava, Wallison de Jesus.
Durante a abordagem, os ex-agentes trancaram Genivaldo no porta-malas da viatura após jogarem uma bomba de gás lacrimogêneo, que formou uma densa fumaça dentro do carro e o asfixiou.
Pelas frestas da porta traseira, mantida semifechada, era possível ver fumaça escapando e também as pernas do homem balançando em desespero, enquanto ele gritava no interior da viatura. Assim que Genivaldo parou de se debater e gritar, os policiais fecharam a porta traseira da viatura, entraram no carro e deixaram o local.
Em agosto de 2023, o então ministro da Justiça, Flávio Dino, assinou a demissão dos três policiais da PRF envolvidos na morte. Outros dois policiais foram suspensos.
** Formado em jornalismo pela UFF, em quatro anos de experiência já escreveu sobre aplicativos, política, setor ferroviário, economia, educação, animais, esportes e saúde. Repórter de Último Segundo no iG.