Seis meses antes de ser assassinado a tiros no Aeroporto de Guarulhos (SP) , na tarde desta sexta-feira (8), o empresário Antônio Vinicius Lopes Gritzbach contou em entrevista que foi alvo de "pessoas que orquestraram um plano" para matá-lo. Acusado de lavar dinheiro para a facção criminosa PCC ( Primeiro Comando da Capital ), ele foi jurado de morte pelo grupo.
Gritzbach já havia sido vítima no passado de um sequestro que teria sido orquestrado pela facção paulista. Nesta sexta (8), dois homens utilizando balaclavas no rosto mataram o empresário com tiros de fuzil no rosto e abdômen, no terminal do aeroporto internacional em São Paulo .
O PCC o acusou de ter desviado R$ 100 milhões da organização e de ter ordenado a morte do traficante Anselmo Becheli Santa Fausta, o “Cara Preta”, e do motorista dele, Antônio Corona Neto, o “Sem Sangue”. Os valores teriam sido entregues pelo criminoso a Gritzbach para que fossem investidos em criptomoedas.
Entrevista seis meses antes
Em entrevista para o Domingo Espetacular, da TV Record, Gritzbach disse que tinha uma relação de cliente com Anselmo, mas que não desconhecia o apelido “Cara Preta”. “A minha atribuição era intermediar a compra e venda de imóveis. Ele me procurou e disse que queria investir. Fez uma compra de R$ 12 milhões. Ele era uma pessoa que tinha família, que frequentou o escritório algumas vezes. Não tinha inimizade, descontentamento [entre nós], disse.
O corretor de imóveis também foi questionado sobre como recebeu a morte de Anselmo e Antônio. Ele afirmou que não foi fácil “porque eram clientes”, mas que em nenhum momento achou que seria acusado. “Não mandei matar ninguém. Eu não tive participação nenhuma. Em nenhum momento o Anselmo me incomodou. Estou sendo acusado injustamente porque talvez teria um plano deles que deu errado e eu não morri. Pessoas que orquestraram um plano de me matar”, afirmou.
Mudança de postura
Em um depoimento para a polícia, o empresário contou que ficou por 9 horas em poder do PCC durante um "tribunal do crime". Ele foi liberado sob a promessa de que iria reaver os R$ 100 milhões, mas acabou preso e decidiu fazer um acordo de delação premiada.
A homologação do acordo entre a defesa de Vinicius Gritzbach e o Ministério Público de São Paulo foi feita pela Justiça em abril deste ano. Na delação, Gritzbach acusou também dirigentes ligados a empresas que agenciam jogadores de futebol de terem lavado dinheiro do PCC.
A diretora do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), Ivalda Aleixo, disse ao Brasil Urgente que o empresário vivia uma situação na qual estava sendo ameaçado.
“Nas duas vezes em que nós falamos com ele, acreditava que era alvo de integrantes do crime organizado. Porque ele é confesso em falar que agiu lavando dinheiro para o PCC. Já era alvo de processo junto ao Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) por essa lavagem de dinheiro. Ele sabia muita coisa do PCC, sabia onde estavam colocando esse dinheiro”, pontuou Ivalda.