Ana Lucia Umbelina Galache de Souza recebe, desde 1988, uma pensão da Justiça Militar por ser filha de um ex-combatente da Segunda Guerra Mundial. Ao todo, ela recebeu R$ 3,7 milhões. Porém, a mulher nunca teve um pai militar.
De acordo com o Metrópoles, quando a menina tinha 15 anos, recebeu ajuda da vó, Conceição, para mudar de nome (adotou o sobrenome Zarate) e fez uma papelada afirmando ser filha de Vicente Zarate , tio-avô e, de fato, soldado. A ideia é que ambas recebessem pensão da Justiça Militar e compartilhassem o valor.
A pensão evoluiu até alcançar o valor mensal de R$ 8 mil. Porém, em 2021, a vó da menina (então uma mulher com 52 anos) ficou insatisfeita com a quantia que a neta transferia para ela e fez uma denúncia para a Polícia Militar de Mato Grosso do Sul.
Processo e prisão
Um processo do TCU (Tribunal de Contas da União) revelou a Globo o trecho: "Em 2021, Conceição, descontente com a parcela da pensão que lhe era transferida por sua neta, registrou a denúncia sobre a fraude, perante a Polícia Militar. No entanto, não chegou a ser inquirida na sindicância administrativa nem no inquérito policial, pois faleceu em maio de 2022."
Ana Lucia prestou depoimentos e disse ue sabia que os atos eram ilegais e que a identidade era falsa. Ela evitava usar a identidade com “Zarate” para outros assuntos não relacionados à pensão.
Em 2023 a Justiça Militar condenou Ana Lucia a uma pena de três anos de prisão, além de devolução dos valores recebidos adicionado a multas. “Considerando que o benefício militar foi recebido de forma absolutamente fraudulenta, julgo irregulares as contas da responsável, condeno-a em débito, cujo valor atualizado é de R$ 3.194.516,77, e à multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992", escreveu o relator, ministro Walton Alencar Rodrigues.
A mulher entrou com uma defesa pela Defensoria Pública da União (DPU) e disse que o fez sem dolo, ou seja, sem intenção criminal; ela recorreu das decisões. O caso segue pendente.